Após superdosagem de remédio, jovem entra em estado vegetativo em hospital
Alexandre Moraes de Lara, de 28 anos, recebeu dosagem 10 vezes maior do que a indicada. Polícia investiga o caso
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A Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS), investiga a suspeita de superdosagem de medicamento oferecido a um paciente que por conta disso, teria deixado Alexandre Moraes de Lara, 28 anos, em estado vegetativo. O homem está internado no Hospital Humaniza, em Porto Alegre (RS), desde 2021.
Ele deu entrada na instituição devido a problemas cardíacos. De acordo com a denúncia, na ocasião, Alexandre deveria receber dois comprimidos do medicamento propafenona para tratar o quadro. Em vez disso, o paciente recebeu 20 comprimidos o que equivale a uma dose 10 vezes maior.
Após ingerir os comprimidos, o homem teve uma parada cardiorrespiratória. Segundo os familiares de Alexandre, além da superdosagem, a equipe demorou para socorrer o homem. Desde então, ele está em estado vegetativo.
"A médica não sabia orientar os enfermeiros ou técnicos do procedimento, se tinha que fazer intubação, se não tinha. O equipamento para respirar que eles foram utilizar estava faltando uma peça, então não deu para utilizar, ajudou a faltar oxigênio. O medicamento, que era adrenalina, que tinha que ser dado, não foi dado no tempo adequado", relatou a esposa de Alexandre, Gabrielle Gonçalves Bressiani, em entrevista ao g1.
Segundo o g1, um laudo assinado por um médico contratado pela família afirma que o estado vegetativo de Alexandre tem grande potencial de ser permanente.
Em nota enviada ao g1, o Hospital Humaniza afirma que o atendimento a Alexandre ocorreu durante a gestão anterior da unidade médica. "O Hospital lamenta profundamente o ocorrido e vem prestando toda a assistência médica necessária e disponível para a melhoria do quadro clínico do paciente. Ao mesmo tempo, vem mantendo tratativas com os familiares para, também, proporcionar o máximo de assistência e acolhimento necessários", diz em nota.
Gabrielle lembrou que o marido era ativo fisicamente e que gostava de surfar e ir à academia. Ela, que estava grávida na época do ocorrido, disse que Alexandre ainda não entende quando vê a filha.
"Eu estava grávida de três meses quando aconteceu. Agora eu levo a Sara, filha dele, ali para vê-lo, mas ele não entende nada", disse emocionada.
A investigação policial ainda não foi concluída. O Conselho Regional de Medicina (Cremers) afirma que investiga a atuação dos profissionais envolvidos no caso.
"A pessoa entra conversando, caminhando, saudável, sorrindo, e nunca mais sai. Nunca mais sai, sem poder dar um 'tchau' para seus familiares", lamentou o tio, Luciano Pacheco Martins.
Superdosagem
A esposa estava junto de Alexandre quando o caso aconteceu. Ela diz ter questionado o técnico de enfermagem, que confirmou a dosagem, indicada por uma médica. Pouco depois, o rapaz passou mal.
Segundo a família, o médico cardiologista deu a receita correta, e o primeiro erro aconteceu na farmácia do hospital.
"A farmácia, na hora de cadastrar o medicamento, cadastrou errado. Ao invés de cadastrar como 300 miligramas, que era o correto, cadastrou como 30 miligramas. Então, ao invés de tomar os dois comprimidos que ele deveria, ele tomou 20 comprimidos", diz Gabrielle.
Um prontuário assinado pelo diretor-executivo do hospital aponta o erro da equipe. Segundo o documento, "a medicação dispensada pela farmácia do hospital era divergente da dosagem registrada no sistema e da prescrição médica". O médico indicou 600 miligramas ao paciente, mas o hospital deu 6 mil miligramas.
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