Pais querem ajuda de psicólogos e polícia após ataque em escola
Tentativa de massacre em escola pública de Vitória deixou alunos, professores e pais apavorados. Encontro foi realizado na unidade
Escute essa reportagem

Além de assustar pais e funcionários da escola de Ensino Fundamental Éber Louzada Zippinotti, que fica em Jardim da Penha, Vitória, a invasão seguida da ameaça de um massacre na instituição, na sexta-feira, traumatizou vários estudantes.
Diante do choque, a maioria dos alunos não quer retornar às aulas. Inconformados com a situação e alegando insegurança no local, pais de alunos estiveram, na manhã de ontem, na porta da escola, para pedir apoio da Polícia Militar e cobrar, principalmente da Prefeitura de Vitória, a oferta de acompanhamento psicológico para as crianças.
Na ocasião, eles também fizeram uma corrente de oração para agradecer a proteção que os filhos tiveram no momento da invasão.
“Minha filha está com medo de ir ao banheiro, em casa. Tem dificuldade de atender a porta, está traumatizada. Nós precisamos que uma psicóloga venha à escola ajudar, tanto os alunos quanto os professores, que também estão traumatizados”, disse a enfermeira Fabricia Morais, mãe de uma menina de 10 anos, que estuda na unidade.
A classe da menina foi a primeira a ser invadida pelo jovem de 18 anos, que provocou pânico no local. A garota, que é aluna do 5º ano da escola, foi uma das alunas que ficou frente a frente com o acusado, que estava armado.
“Ela teve contato visual, inclusive ele tentou atirar nela. Ele armou a flecha, mas na hora a arma travou”, disse a mãe da menina.
Quem também aproveitou o encontro de pais, alunos, professores e responsáveis na manhã de ontem e também pediu apoio foi a universitária Jeane Meire França Guidoni, mãe de outra menina de 10 anos e um menino de 12, que estudam na mesma escola.
“Meus filhos não querem vir para a escola. Minha filha está chorando o tempo todo, não quer vir. Eu queria que ela estivesse aqui, nesse momento de oração, mas ela pediu para não vir e eu respeitei a vontade dela. Então, precisamos de apoio psicológico”, disse.
Cerca de 60 pessoas, entre pais, alunos e funcionários estiveram presentes na porta da escola.
O jovem de 18 anos ainda não terá seu nome divulgado, porque o processo está em segredo de Justiça. A PM encontrou com ele três arcos e flechas, 59 munições, seis facas, coquetéis molotovs, gasolina e fósforos.
Emoção e aulas suspensas
Aproximadamente 40 pais e mães de alunos, que estudam na Escola Éber Louzada Zippinotti, em Jardim da Penha, Vitória, estiveram presentes em um ato na porta da instituição, ontem. Eles se reuniram para agradecer pela vida das crianças. Eles cantaram louvores e um pastor fez orações junto com os presentes
O evento que contou com a presença da diretora, do coordenador e professores foi marcado por muita emoção, principalmente quando os pais das crianças ameaçadas pelo acusado, falaram.
A enfermeira Fabricia Morais, mãe de uma aluna de 10 anos, emocionou a todos quando agradeceu aos professores que entraram na frente do suspeito para impedir que ele matasse os alunos.
“Eles foram anjos, enviados por Deus. Foram escudos para nossos filhos”, disse emocionada, olhando para uma professora que entrou na frente do acusado, quando ele ameaçava atirar nas crianças.
Hoje, a escola não terá aulas, pois conselho de classe foi antecipado. Nas rodas de conversas, durante o evento de ontem, pais disseram que o medo permanece, pois o invasor teria ameaçado mandar um irmão para “terminar o massacre”.
Invasor é levado para presídio e prefeitura alega que vai dar apoio

O jovem de 18 anos que invadiu a escola com armas e bombas e ameaçou professores e alunos foi encaminhado ontem ao Centro de Triagem de Viana.
Segundo a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), ele estava sob escolta no Hospital Estadual de Atenção Clínica (HEAC), em Cariacica, após passar por uma audiência de custódia na tarde do último sábado.
Já a Secretaria Municipal de Educação (Seme) informou que uma equipe técnica foi à unidade de ensino imediatamente após o ocorrido para apurar os fatos e dar todo suporte à comunidade escolar. Segundo o órgão, estudantes, profissionais e funcionários já recebem acolhimento.
Ainda de acordo com a Seme, hoje será dado início a um trabalho feito pela equipe de práticas restaurativas em conjunto com os psicólogos da Rede Municipal de Saúde, para os profissionais da escola.
Já a Polícia Militar informou, por meio de nota da 12a Companhia Independente, que vai garantir o policiamento nas proximidades da Escola Éber Louzada Zippinotti durante esta semana “para dar tranquilidade à comunidade escolar”.
SAIBA MAIS
Motivo
A motivação da tentativa do massacre ainda é desconhecida pela polícia. As investigações continuam.
Frases em vídeos
Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram as frases ditas pelo jovem no momento em que ele foi imobilizado. O ex-aluno chegou a dizer para algumas funcionárias da escola: “Vocês são nojentas. Odeio vocês. Iam morrer aqui hoje”.
Pais assustados
Quando receberam ligações e mensagens de seus filhos, os pais foram diretamente à escola para tentar saber mais detalhes sobre o que acontecia. Muitos chegaram chorando e só conseguiram algum alívio ao perceberem que seus filhos estavam bem.
Outras ameaças
Não é a primeira vez que o nome da escola Éber Louzada foi envolvido em assuntos de massacre. Este ano, a escola já passou por uma ameaça, no dia 3 de junho. “Nossa inteligência identificou que era um desafio de rede social. Tivemos isso em outras escolas de Vitória”, disse o comandante da 12ª Companhia Independente, major Isaac Rubim.
Comentários