“Eu acordo e fico esperando o meu filho chegar de noite”, diz diarista
Yago Magalhães de Freitas desapareceu no dia 16 de setembro do ano passado
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Há quase seis meses, as palavras dor e saudade fazem parte da vida da diarista Simone Magalhães de Freitas, de 52 anos. Ela é mãe de Yago Magalhães de Freitas, que desapareceu no dia 16 de setembro do ano passado, em Cariacica, quando tinha 18 anos.
Para a mãe do jovem, o seu desaparecimento parece ser mentira. “Eu acordo e fico esperando meu filho chegar. Parece não ser real isso que está acontecendo”, disse a diarista em conversa com a reportagem de A Tribuna, na tarde desta terça-feira, 15.
A Tribuna – Tem quanto tempo que seu filho desapareceu?
Simone Magalhães de Freitas – Ele desapareceu no dia 16 de setembro do ano passado. A última vez que foi visto, ele tinha acabado de entrar em um carro, dizendo que iria para a casa da avó, que mora em Joana D'Arc, em Vitória. Mas nunca mais foi visto.
Ele tinha desavenças com alguém?
Não que eu soubesse.
O que te falaram sobre o momento em que ele entrou no carro?
Sei que não foi à força, porque, pelo que me falaram, ele conhecia alguém que estava dentro do carro.
O que a senhora lembra desse dia?
Eu estava trabalhando. Ele tinha dito que iria na casa da minha mãe. Quando cheguei, passei na casa dela e ele não havia chegado lá. Isso foi em uma quinta-feira. Na sexta, eu fui à delegacia, levei a foto dele e registrei uma ocorrência.
Deram alguma informação sobre o que possa ter acontecido?
Não. Nada. Ninguém me falou nada. Na verdade, estou só na preocupação desde o dia em que ele sumiu.
Qual é o sentimento que a senhora tem hoje?
Medo, tristeza, preocupação. Tudo isso junto. É uma mistura, na verdade. Quando a gente acha o corpo e podemos enterrar, ali, a gente sabe que acabou. Mas e quando você não acha?
A senhora tem outros filhos?
Tenho outra filha. Inclusive, minha filha, de 24 anos, entrou em depressão por conta do desaparecimento do meu filho. Ela estava muito agarrada com ele. Isso, sem falar na minha mãe, de 75 anos, que acorda chamando por ele e chora muito.
Sabe como estão as investigações sobre o caso do seu filho?
Eu registrei ocorrência, mas não tive respostas da polícia. Não sei o que pode ter acontecido, o que fizeram com ele.
Se fosse para a senhora resumir seus sentimentos, qual seria a palavra?
Tristeza e dor. Eu não consigo mais dormir. Eu acordo e fico esperando meu filho chegar de noite. Me dá aquela angústia enorme. Eu não consigo me alimentar direito. Uma palavra que me resume hoje é a dor.
Quer mandar algum recado para as pessoas que possam ter visto ou que saibam de algo sobre o desaparecimento do seu filho?
Eu queria pedir que, se alguém souber algo, que se o viu entrando nesse carro ou se o viu saindo, que me ligue, que nos dê notícias ou que liguem para o 181, porque sei que, nesse número, a pessoa não precisa se identificar.
A pessoa que fizer isso estará ajudando uma mãe que está destruída por não ter notícias do filho.
OUTROS CASOS

Sem notícias
A adolescente Kamilly dos Santos Oliveira, de 17 anos, está desaparecida desde 21 de dezembro de 2021, após ir a um bar no centro da Serra. Ela foi vista pela última vez saindo de um posto de gasolina da região.
“Peço que, se alguém souber de algo, nos procure”, disse a mãe da jovem, Viviane Oliveira.

Dor de uma mãe
Em outubro de 2017, a menina Thayná Andressa, na época com 12 anos de idade, foi estuprada e assassinada, em Viana.
A menina estava desaparecida havia alguns dias, quando a própria mãe, Clemilda de Jesus, conseguiu imagens de câmeras que mostravam a garota entrando no carro de Ademir Lúcio Ferreira Araújo. Anos depois, ele foi condenado pelo crime.

Saiu para uma festa
Com 15 anos de idade, Amanda Correia da Silva saiu de casa dizendo que iria a uma festa. Nunca mais foi vista pela família e por amigos.
Esse fato ocorreu há quase uma década: Amanda desapareceu no dia 11 de agosto de 2012, em Vila Barbosa, cidade de Castelo, no Sul do Estado.
Fuga de casa com namorados que conheceram pela internet
Um dos motivos que tem levado meninas a fugirem de suas casas, causando um verdadeiro drama em suas famílias, são os encontros marcados pela internet.
Segundo a polícia, as adolescentes, que têm entre 12 a 17 anos, conhecem supostos namorados em aplicativos de relacionamentos e chegam a marcar encontros até mesmo fora do Estado.
“São jovens que vão atrás de um sonho de relacionamento. Quando nós as encontramos, elas falam que foram atrás de um namorado”, revela o titular da Delegacia Especializada de Pessoas Desaparecidas (DEPD), delegado Wanderson Prezotti.
Para o delegado, uma forma de evitar a fuga dos filhos é manter o diálogo dentro de casa.
Para os casos onde a fuga não pode ser evitada, Prezotti orienta que seja feito, imediatamente, um Boletim de Ocorrência em qualquer delegacia. “Não existe prazo de 24h ou 48h. Sumiu, observou quebra de rotina, procure uma delegacia mais próxima imediatamente”, orienta o delegado.
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