Celular roubado é vendido com preço 10 vezes menor

Alvo preferido de criminosos durante assaltos em ônibus, os aparelhos celulares acabam sendo vendidos por valores que chegam a ser até 10 vezes menores do que valem.

O titular do Distrito Policial de Campo Grande, em Cariacica, delegado André Landeira, afirmou que o celular, hoje, atende ao objetivo principal dos criminosos, que é ter o objeto roubado transformado em dinheiro de forma mais rápida.

Há 38 anos na Polícia Civil, o delegado contou que os crimes cometidos em coletivos vêm se modificando ao longo do tempo, mas sempre com esse intuito.

“Antes, os criminosos que abordavam passageiros visavam dinheiro e joias. As pessoas tinham costume de usar pulseiras, cordões e brincos de ouro. Elas deixaram de usar. Também andam menos com dinheiro em mãos”.

Ele explicou que nem por isso os assaltos deixaram de existir. “Os criminosos passaram a entrar nos ônibus para roubar o dinheiro do próprio coletivo, rendendo o cobrador. Mas, com os cartões, deixaram também de cometer esse roubo. Agora, encontraram os aparelhos celulares”, citou Landeira. 

Para ele, o transporte coletivo atrai bandidos por reunir uma quantidade maior de pessoas, com possibilidade de levar vários aparelhos em uma só abordagem. 

O delegado pontuou que esse tipo de crime é cometido por perfis dos mais variados, desde aqueles que estão com dívidas com o tráfico ou querem manter o vício em drogas, até aqueles que desejam “fazer dinheiro mesmo”.

No caso de usuários de drogas, como o crack, ele afirmou que os aparelhos são repassados rapidamente por valores bem menores do que o que valem. “Temos aparelhos hoje circulando de até R$ 15 mil, muitos na faixa de R$ 5 mil. Esses bandidos repassam por R$ 500”.

Um outro perfil de criminoso é aquele que já tem um receptador qualificado, ou seja, de uma loja ou alguém que revende. Nesses casos, os valores podem ser maiores. “De todo modo, o celular consegue ser repassado de forma rápida”.

Atenção

Para o delegado André Landeira, os passageiros devem estar atentos ao andar nas ruas e dentro de ônibus, tomando cuidado para não ficar com o aparelho em mãos, manuseando ou falando. 

“Em todos os casos de furto ou roubo, é muito importante também registrar a ocorrência, pois, além da possibilidade de ter o aparelho encontrado, ainda possibilita monitorar horários e locais com mais ocorrências”.

Um técnico em mecânica, 29 anos, decidiu andar na rua com dois aparelhos |  Foto: Douglas Schneider/AT

“Um é meu e o outro, do ladrão”

Eram 10h30, quando um técnico em mecânica, 29 anos, pedalava pelo centro de Vitória, na Avenida Beira-Mar. De repente, um ladrão, com uma faca, o abordou e roubou seu celular.

Em outra ocasião, mais um susto. Dessa vez, ele flagrou uma jovem que estava sentada perto da porta do ônibus ter o seu aparelho levado por um bandido, que desembarcou. 

Depois dessas duas experiências, ele decidiu andar com dois aparelhos. “Um é meu e o outro é para o ladrão”, contou.

Com relação aos assaltos a passageiros de ônibus no Estado, a Polícia Militar garantiu que realiza uma série de operações com abordagens a veículos, incluindo em locais de maior incidência de crimes. 

O chefe da Seção de Recursos Humanos do 6° Batalhão (Serra), capitão Sonivaldo Zucolotto, ressaltou que a Polícia Militar tem como ações de enfrentamento a crimes cometidos em  transporte coletivo a realização de operações que contam com abordagens a ônibus especialmente. 

Ele enfatizou que, entre os objetivos das abordagens, está inibir os assaltos, além de apreender armas de fogo, por exemplo. “As operações acontecem nas regiões com maiores índices de crimes. São operações itinerantes e contínuas em locais de grande fluxo de veículos, com o objetivo de intensificar a presença ostensiva da PM”.

Na Serra, em que há o maior número de furtos e roubos no transporte coletivo, a comandante da Guarda Municipal, Laís Araújo, também destacou que  os agentes vêm realizando a operação Coletivo Seguro. 

No  Observatório de Segurança, criado em 2021, ela relatou que são acompanhados os índices de furto e roubo. “Fazemos ações de visitas tranquilizadoras dentro dos coletivos, em horários e pontos estratégicos. As ações são diárias”.

DICAS DE SEGURANÇA

Sem mostrar

• É preciso evitar deixar o telefone celular à mostra enquanto permanece dentro do ônibus ou mesmo nos pontos. Manusear ou falar ao telefone chama a atenção de criminosos.  
• Também deve ser evitado deixar no bolso da calça, pois facilita furtos dentro de coletivos.

Silencioso

• Para evitar chamar a atenção, é importante colocar o aparelho no modo vibratório ou no silencioso.
• Não atenda o telefone se ele tocar, e retorne a ligação em um local seguro, por exemplo, em um estabelecimento comercial.

Locais com movimento

• Se possível, evite pontos de embarque e desembarque desertos e mal iluminados. 
• Em ônibus com poucos passageiros, sente-se próximo ao motorista ou cobrador.

Número do Imei

• Salve sempre seu número de Imei (número de identificação do aparelho). Ele permite à operadora bloquear o aparelho em caso de roubo.
• Para achá-lo, digite *#06#, aperte para ligar e copie o número. Em caso de furto ou roubo, indique esse número à operadora, que bloqueia seu celular a distância, inutilizando-o.

Tenha senha no celular

• Tenha senha, código ou biometria (quando o aparelho permite) para dificultar que o ladrão acesse seus arquivos pessoais, além de aplicativos de acessos bancários, e alguns que têm cartões cadastrados.

Fonte: Polícia Civil e especialistas consultados.

OS NÚMEROS

No Estado

2022

• 2.380 em janeiro
• 1.959 em fevereiro 
• Total: 4.339 
• Essa quantidade representa 70% dos objetos roubados e furtados.

2021

• 2.431 em janeiro
• 2.054 em fevereiro 
• Total: 4.485
• Esse número representa 72% dos objetos roubados e furtados.

Por município 

• Vila Velha – 941
• Serra –  925
• Cariacica –  678
• Vitória –  581
• Guarapari –  226
• São Mateus –  204
• Linhares –  133
• Cachoeiro de Itapemirim –  110
• Viana –  65
• Aracruz –  50
• São Gabriel da Palha  –  36
• Colatina –  35
• Marataízes –  34
• Fundão –  21
• Piúma–  20

Na Grande Vitória

2022

• 1.889 em  janeiro
• 1.548 em fevereiro 
• Total: 3.437 
• Essa quantidade representa 72% dos objetos roubados e furtados. 

2021

• 1.957 em janeiro
• 1.642 em fevereiro 
• Total: 3.599
• Esse número representa 75% dos objetos roubados e furtados.
• Fonte: Painel de Crimes Contra o Patrimônio da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp).