O que muda se covid virar doença comum no País?
Com a redução de casos e mortes pela covid-19, alguns países da Europa decidiram que a doença será tratada como uma endemia
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Com a redução de casos e de mortes pela covid-19 em alguns países da Europa nos últimos dias, Reino Unido, França, Espanha e Dinamarca decidiram que a doença não será mais classificada como uma pandemia, mas será tratada como uma endemia.
Será que há chances dessa mudança no País e no Estado? Mas, o que muda se isso acontecer? Especialistas ouvidos pela reportagem explicam o que seria essa mudança.
Para entender o que seria a endemia, a infectologista Ana Carolina D'Ettorres explica: “A endemia seria equivalente à dengue. É uma doença comum em nosso meio, ela sempre estará presente”.
Ela ressalta, porém, que tornar o vírus endêmico, não significa que a doença será menos agressiva.
“Significa que teremos um vírus com uma prevalência frequente. Sempre vai circular na comunidade, em alguns momentos com maior número de casos, provavelmente em algumas estações específicas do ano, como ocorre com o vírus da influenza (gripe)”.
A médica pneumologista Ciléa Victória Martins reforça que a endemia também apresenta riscos. “Uma endemia também apresenta altas chances de contaminação, mas ela não se dissemina no mundo inteiro. Quando falamos em pandemia, não excluímos locais”.
A médica acredita que para covid-19 virar uma endemia ainda está um pouco longe. “Ele é um vírus altamente mutante e tem uma capacidade muito grande de agressividade”.
Doutor em Imunologia, Daniel Gomes destacou que é importante as pessoas não criarem uma falsa impressão de que uma endemia é uma resolução do problema.
“Temos várias doenças endêmicas que são problemas, como malária e dengue. Essa diminuição do caráter da covid, de uma doença global para local, não ameniza os problemas. Se tornar mais local é um sinal de que a doença vai permanecer por muito tempo, que é o caráter da sazonalidade”.
A médica pneumologista Jessica Polese acredita que o Estado já tem vivido um cenário próximo de uma endemia. “Temos muitos casos, mas eles não são de tanta gravidade como já foram”.
“A tendência é que essa cepa fique cada vez menos agressiva. A cobertura vacinal também ajuda, transformando esse vírus em mais comunitário. Ele vai estar em nosso meio, sem causar grandes problemas como causou. O que não sabemos ainda é se teremos outros surtos. Deveremos de ter vacina, pelo menos anualmente”, destacou Jessica.
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