Imprudência no trânsito deixa dois mortos todo dia no Estado
Excesso de velocidade, ultrapassagens indevidas e uso de álcool estão entre as principais causas
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O excesso de velocidade e as ultrapassagens indevidas, mais o uso de bebidas alcoólicas, têm trazido muita dor para quem perdeu familiares e amigos no trânsito. Juntas, essas imprudências acabaram com os sonhos de pelo menos 756 capixabas, vítimas de acidentes em 2021.
O número é da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), que considerou os registros feitos em delegacias do Estado, no período de janeiro a dezembro de 2021. Eles equivalem a dois registros de morte por dia.
Dos acidentes fatais com maiores registros, as colisões envolvendo motocicletas se destacam: foram pelo menos 371 mortes, representando 49% de todos os sinistros com vítimas fatais no Estado. Já as colisões entre carros ficaram em segundo lugar, com 264 vítimas, 35% de todos os acidentes.
Em último lugar no ranking estão os atropelamentos, que tiraram a vida de pelo menos 121 pessoas. Eles representam 16% de todos os acidentes fatais registrados no Espírito Santo.
Os números são expressivos e chamam atenção até da polícia. Para o chefe da Divisão Especializada de Delitos de Trânsito, Lauro Coimbra, os acidentes refletem a má educação de motoristas e pedestres no trânsito.
“A principal causa dos acidentes é a imprudência. As ultrapassagens indevidas, a alta velocidade, a falta de atenção, tanto do motorista quanto do pedestre. Uma parcela desses casos também tem relação com o uso de álcool e drogas. Só vamos resolver esse problema com a educação no trânsito, quando todos tiverem empatia uns com os outros”, disse o delegado.
Especialista em trânsito, Josimar Amaral também acredita que as ultrapassagens indevidas, a alta velocidade e o uso de álcool e drogas sejam os principais causadores de acidentes com mortes no Estado.
“A causa desse problema é o comportamento humano. Se não houver uma frente para conscientizar a sociedade, muitas pessoas vão continuar morrendo”, alertou.
Rogério Fernandes Lima, especialista em segurança pública, afirma que o grande número de mortes no trânsito se deve à falta de uma política pública efetiva de educação de trânsito.
“Que a meu ver deveria constar no currículo escolar, desde a educação infantil até o ensino médio”, disse o especialista.
Morte de jovem sem punição
Há cerca de dois anos, a família da estudante Ramona Bergamini Toledo, atropelada e morta em março de 2020, aguarda por justiça.
A jovem teve a moto atingida por um veículo, que segundo a polícia, trafegava a mais de 130 km/h na avenida Carlos Lindenberg, em Vila Velha, e que era conduzido por Wilker Wailant.
O acusado chegou a ficar preso por 19 dias. Desde março de 2020, Wilker Wailant responde ao processo em liberdade.
Alto risco em motocicletas
Das 756 pessoas mortas em acidentes no Estado, 371 eram motociclistas. O número da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) considerou os dados de janeiro a dezembro do ano passado. Esses dados revelam aumento de 5,1% em relação ao mesmo período de 2020, quando 353 pessoas foram vítimas.
Para Rogério Fernandes Lima, especialista em segurança pública, a posição dos motociclistas como principais vítimas de acidentes no trânsito ocorre pela fragilidade apresentada pelo veículo. Além disso, Rogério aponta a falta de respeito em relação a este público por parte dos demais motoristas.
“Não podemos negar a falta de educação no trânsito e respeito aos motociclistas pelos demais atores envolvidos na circulação”.
Chefe da Divisão Especializada de Delitos de Trânsito, Lauro Coimbra destacou que boa parte dos acidentes registrados foi de condutores que trabalham com entregas. Ele ressaltou ainda as imprudências cometidas também por motociclistas.
“Muitas dessas pessoas que trabalham com entrega rápida não têm limite, ultrapassam sinal, fazem ultrapassagens indevidas. A educação, neste caso, é a única que resolveria o problema”, acredita.
Delegacia especializada atende por mês 22 inquéritos
Durante todos os meses, cerca de 22 inquéritos policiais são atendidos pela Divisão Especializada de Delitos de Trânsito, em Vitória, que recebe apenas casos de acidentes com vítimas no Estado.
De acordo com o chefe do departamento, delegado Lauro Coimbra, todos os casos que chegam à delegacia são relacionados a crimes praticados em rodovias estaduais, municipais e federais. Entre eles, os acidentes com resultado de morte e lesão corporal.
Segundo Lauro Coimbra, a maioria dos motoristas que provocam esses acidentes já foi autuada no plantão das delegacias dos estados. “Esses inquéritos são concluídos por nós e encaminhados para a Justiça, que determina o destino das pessoas”, explica.
NÚMEROS
2021
No Estado
- Pelo menos 756 pessoas perderam suas vidas ao se envolverem em acidentes de trânsito.
Na Grande Vitória
- Foram 216 vidas perdidas em acidentes de trânsito.
2020
- Pelo menos 750 pessoas perderam suas vidas em acidentes de trânsito.
- 76% dos acidentes ocorrem em rodovias estaduais e municipais.
- 24% em rodovias federais.
- 21% dos acidentes aconteceram aos sábados, das 18h às 23h59.
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