Gás vai ficar até quatro vezes mais caro em 2022
Combustível encanado está no maior preço em 20 anos, e a Petrobras informou reajustes, o que vai afetar uso em casa e nos veículos
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O gás natural veicular (GNV) alcançou o maior preço real do século neste mês de novembro, com o metro cúbico chegando a R$ 4,256. A informação é do Monitor dos Preços do Observatório Social da Petrobras (OSP).
E a expectativa é de que os aumentos continuem no ano que vem. A estatal propôs um reajuste de duas a quatro vezes no valor do GNV nos contratos com as distribuidoras nos estados.
O aumento vai acabar sendo repassado ao consumidor. Condomínios, por exemplo, que frequentemente adotam o gás encanado, deverão ter tarifas mais caras para os moradores, assim como alguns restaurantes e residências que usam o GNV – que é diferente do gás de cozinha, o gás de botijão.
Diante da proposta, a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) pretende representar contra a Petrobras no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Segundo a Abegás, a Petrobras apresentou propostas de contrato com diferentes prazos e valores. Para seis meses a um ano, o aumento é de até quatro vezes. Para contratos de até quatro anos, o aumento não seria tão alto.
“Esse contrato longo impediria a abertura do mercado por quatro anos. A Petrobras está colocando uma situação em que as distribuidoras não teriam opção de aquisição junto a outras empresas”, disse o diretor de estratégia e mercado da Abegás, Marcelo Mendonça.
O economista Marcelo Loyola acredita que, com a representação no Cade, esse aumento não deve passar. “Não existe vantagem para o povo brasileiro ou para o consumidor em um reajuste tão elevado. Como o Cade é um órgão independente, apesar de pertencer ao governo federal, acredito que esse reajuste não vai passar”.
O GNV é amplamente utilizado nas tubulações das indústrias brasileiras, e uma alta desenfreada agravaria a inflação. “O que é produzido aqui, de alimentos a materiais de construção, vai ficar mais caro”, completou Loyola.
O economista Antônio Marcus Machado apontou que o gás natural também é usado no transporte de matéria-prima.
“O preço do frete vai acabar aumentando. E o combustível, alternativa mais usada por motoristas de aplicativo, vai encarecer. Os motoristas, que vão ficar no prejuízo, vão acabar desistindo da profissão. Para os passageiros, a oferta de motoristas deverá ser menor, e as corridas, mais caras.”
ENTENDA
Cade pode barrar aumentos
Maior preço do gás natural em 20 anos
o gás natural veicular (GNV) registrou neste mês o maior preço real do século, com o metro cúbico chegando a R$ 4,256.
Os dados mostram que o GNV começou a bater recordes em maio deste ano, a partir do aumento de 39% promovido pela Petrobras.
Reajuste em 2022
A Petrobras propôs aumentar entre duas e quatro vezes o preço do gás natural no ano que vem, nos novos contratos que estão sendo negociados com as distribuidoras.
A Abegás, representante das concessionárias de gás, está entrando com uma representação contra a petroleira no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), e pede que os preços vigentes continuem.
Inflação deve disparar
Os consumidores do gás encanado serão diretamente prejudicados, como motoristas de aplicativo, caminhoneiros, pessoas que usam muito o carro para trabalhar e pessoas que têm gás encanado em suas residências, comércio e condomínios.
a inflação vai aumentar, já que a alta terá influência sobre o preço do frete do transporte rodoviário. O gás também é muito usado pelas indústrias e, por isso, os produtos produzidos no País vão ficar mais caros.
Fonte: Abegás, Petrobras e economistas entrevistados.
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