Criminosos utilizam celular para espionar intimidade de usuários
O costume de levar o smartphone para todo ambiente da residência está colocando em risco a privacidade e a intimidade dos usuários. Os criminosos perceberam que esse hábito facilita suas ações, para obter fotos e vídeos íntimos. A obtenção desse material vem sendo utilizada para extorquir as vítimas. Quem utiliza um smartphone e pensa que, dentro de casa a privacidade está assegurada, está completamente enganado. Os cibercriminosos estão utilizando aplicativos espiões para controlar, remotamente, a câmera e o microfone do aparelho celular e assim capturar situações da intimidade das pessoas.
O principal objetivo dos criminosos é capturar imagens e fotos íntimas das vítimas, envolvendo nudez. Deixar o aparelho no banheiro ou no quarto, com a câmera desprotegida e voltada para o ambiente interno, facilita a ação delituosa dos bandidos.
Esses aplicativos espiões chegam aos smartphones disfarçados de atualizações de sistemas, de joguinhos e outros aplicativos, com funcionalidades gratuitas, e que chamam a atenção dos usuários.
Depois de instalados, eles podem se ocultar da área de trabalho do aparelho e assim dificultar a remoção.
Cada dia aumenta a quantidade de usuários que, ao trocar de roupas no quarto, ou levar o aparelho para ouvir músicas, enquanto tomam banho, têm a imagem de sua privacidade capturada e, depois, são chantageados sob a ameaça de divulgação das fotos e vídeos íntimos, caso não efetuem um pagamento pelo resgate do material.
Até R$ 50 mil já foram exigidos pelos criminosos para não divulgarem material de conteúdo envolvendo nudez das vítimas.
Esse tipo de crime se tornou tão comum nos últimos anos que, em 2018, entrou em vigor a lei nº 13.772, que criou esse tipo penal específico.
Essa lei tipificou como crime o comportamento de produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso, de caráter íntimo e privado, sem autorização dos participantes.
Este comportamento, agora, devidamente tipificado, foi inserido no Art. 216-B do Código Penal e pode levar a até 1 ano de prisão.
O problema é que a investigação e a prisão dos responsáveis não desfazem o impacto na imagem e na honra da vida pessoal e profissional das vítimas.
A boa notícia é que, com algumas medidas simples, é possível evitar que isso ocorra. Primeiramente, é ter bastante cautela com tudo que se instala no aparelho e evitar, ao máximo, clicar em links de mensagens, pois pode se tratar de um app espião oculto no link.
A segunda, e mais eficaz das dicas, é proteger a câmera do aparelho e evitar deixá-la apontada para os ambientes da residência. Uma boa medida de segurança é deixar a câmera sempre voltada para o teto ou com algum adesivo de proteção.
Siga essas orientações e evite que o smartphone seja utilizado para violar sua intimidade. Isso é muito sério, fica o alerta!
EDUARDO PINHEIRO é consultor de tecnologia da informação