Estratégias dos pais para tirar os filhos do celular
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Seja na hora de estudar, comer, brincar ou até de estar com os amigos, as crianças e os adolescentes estão cada vez mais conectados com os celulares e os jogos eletrônicos.
Muitos pais estão adotando estratégias para evitar que os filhos usem em excesso os celulares, a exemplo de incentivar atividades esportivas, brincadeiras, leitura, pintura, interação social, contato com a natureza, entre outras opções. Eles também têm limitado tempo de utilização dos aparelhos.
Durante a pandemia, essa realidade tomou proporções maiores, já que as aulas remotas passaram a ser a única alternativa. A exposição às telas e a falta de controle têm comprometido a vida de muitas crianças, segundo especialistas.
De acordo com um estudo indiano, 65% das crianças estão viciadas em dispositivos e são incapazes de manter distância deles mesmo que por 30 minutos. Choro, raiva e desobediência aos pais são alguns dos sinais da dependência.
A neuropsicopedagoga Geovana Mascarenhas diz que o “exagero no uso da tecnologia deixa crianças e adolescentes desconectados do mundo real”. Reforça que os impactos desse uso desregulado podem provocar diversas patologias.
A psicóloga Marina Miranda explica que os pais podem usar como estratégia abrir um momento de conversa para explicar a importância de limitar o uso de eletrônicos.
“Inserir os filhos nas decisões é uma forma de os colocarem como sujeitos ativos na dinâmica familiar e diminuir conflitos, estabelecendo regras e os momentos para fazerem coisas de que gostam juntos”.
Marina afirma ainda que, no caso de o uso prejudicar a criança, é importante buscar uma ajuda especializada. “Para trabalhar tanto com a criança como também para orientar os pais”.
A psicóloga Sabrina Matias orienta que, além de estabelecer um período para usar os eletrônicos, os pais não devem deixar que os filhos usem o celular em momentos importantes do dia, como café da manhã, almoço ou jantar.
“Estabelecer um tempo mínimo por dia para desenvolver atividades totalmente desconectadas, como praticar esporte, ler ou ouvir música. Fazê-los ativar o modo silencioso do celular e não utilizá-lo, nem como relógio, nem como despertador, para evitar a tentação”.

Limite de tempo
Na casa da bancária Oxana Vescovi, de 39 anos, uma das estratégias é limitar a duas horas por dia o uso de celulares, tablet e outros dispositivos, por sua filha, Livia, 12 anos.
“Para substituir o celular, estimulamos atividades, como a pintura de desenhos e leitura de livros. Tenho um aplicativo no meu celular que bloqueia o celular dela, se ela não cumprir o tempo”, afirmou a mãe.
“Já a Luna, de 4 anos, passa o dia na escola integral e o uso de telas acaba sendo muito baixo”, revelou Oxana.

Mais brincadeiras com amigas
Para controlar o uso de celular e da TV em casa, a psicóloga Débora Gaudio, de 38 anos, estabeleceu algumas regras para sua filha Eduarda, 7 anos.
A menina tem uma hora por dia para jogar e assistir a streaming de games na TV. Uma das estratégias foi reunir a filha com a amiguinha Lorena, 7 anos, para estimular brincadeiras e a socialização.
“Na pandemia, percebi que ela passou a procrastinar outras atividades e estipulei limite de tempo para jogar”.
Orientações para evitar uso em excesso
Diálogo
- Os pais podem abrir um momento de conversa para explicar a importância de limitar o uso de eletrônicos e, com os filhos, buscarem um limite de tempo para usarem as redes.
- Segundo especialistas, inserir os filhos nas decisões é uma forma de os colocar como sujeitos ativos na dinâmica familiar e diminuir conflitos, estabelecendo regras e os momentos para fazerem coisas de que gostam juntos.
Tempo
- Os responsáveis devem estabelecer um tempo para usar a internet e os jogos eletrônicos. Não devem deixar que usem o celular em momentos importantes do dia, como café da manhã, almoço ou jantar.
- Devem ainda estabelecer um tempo mínimo por dia para desenvolver atividades totalmente desconectadas, como praticar esporte, ler ou ouvir música. Podem ainda fazê-los ativar o modo silencioso do celular.
Quarto
- Os responsáveis não devem permitir que as crianças e os adolescentes fiquem isolados nos quartos com televisão, computador, tablet, celular, smartphones ou com uso de webcam, segundo os especialistas. É preciso estimular o uso nos locais comuns da casa.
Alternativas
- É preciso oferecer alternativas, como atividades esportivas, lúdicas, leitura, pintura, interação social, contato com a natureza como opções de lazer.
Exemplo
- A recomendação é que os pais também se policiem sobre o uso de eletrônicos e o tempo que passam nas redes para serem exemplos dentro de casa.
Impacto do uso excessivo
- O exagero no uso da tecnologia deixa crianças e adolescentes desconectados do mundo real. O uso patológico dos videogames, de acordo com especialistas, já é mencionado na quinta edição do Manual Estatístico e Diagnóstico dos Transtornos Mentais, espécie de cartilha da psiquiatria.
- Problemas no sono, irritação e, por consequência, dificuldades no processo de aprendizagem são apenas algumas consequências.
- Especialistas destacam que ficar conectado por muito tempo tem feito a criança ou o adolescente perder cada vez mais a capacidade de fazer distinção entre a vida real e o que é a vida por meio do celular ou jogos.
Sinais do uso excessivo
- Quando estudos, atividades, vida social e brincadeiras são deixados de lado por um jogo ou celular, é um sinal de dependência, e a criança tende a ficar irritada e impaciente quando fica sem.
Fonte: Especialistas consultados.
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