Sequelas da covid podem afetar vida sexual, diz estudo
Estudo britânico aponta que diminuição da libido e dificuldade de ereção e ejaculação podem ter ligação com a infecção pelo vírus
A revista britânica Nature Medicine publicou um estudo que sugere uma relação entre a covid-19 e as alterações no desempenho sexual de homens e mulheres.
Após levantamento feito com 2,4 milhões de registros de saúde no Reino Unido, os pesquisadores encontraram 115 sintomas que podem ter ligação com a doença. Deste total, 62 foram notificados em um maior número de pacientes.
Entre as principais sequelas identificadas estão a disfunção sexual, a dificuldade de ejaculação e a diminuição da libido.
Especialistas em sexologia destacam que esses problemas interferem diretamente no bem-estar e na saúde da população.
Especialista em sexualidade masculina, Camilo Milanez afirma que existe a possibilidade de que as sequelas relatadas por pacientes infectados tenham, de fato, relação com o vírus.
“Em teoria, é possível existir essa relação, já que a covid-19 é uma doença do sistema imunológico e cardiovascular, que pode atingir qualquer órgão ou tecido, inclusive os sistemas sexual e neurológico”.
O especialista pontua, entretanto, que a nova pesquisa deve ser vista com cautela. “Apesar de ser uma pesquisa inicial importante, do ponto de vista científico, o estudo é uma revisão de prontuário. O período de três meses é muito curto para confirmar essas hipóteses observadas”, destacou Milanez.

A sexóloga Flaviane Brandemberg destaca que, após a pandemia, a vida sexual de muitos brasileiros sofreu mudanças. “Muitos sofreram impactos negativos da doença em sua vida sexual, comprometendo tanto o desenvolvimento físico quanto psicológico”.
Flaviane ressaltou que a vida sexual saudável também é importante para a saúde mental.
“A saúde sexual faz parte da saúde mental. Quem está com a vida sexual fluida, tem uma resposta melhor na autoestima e na autoconfiança”.
Até agora, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconhece 33 sintomas ligados à covid longa, mas ainda não incluiu oficialmente as alterações sexuais.
A infectologista Euzanete Coser explica que a covid longa é o termo utilizado para o conjunto de sintomas que a pessoa infectada pelo vírus da covid-19 pode ter meses depois da infecção.
SAIBA MAIS
2,4 milhões de dados foram analisados
A pesquisa
O estudo publicado nesta semana na revista britânica Nature Medicine sugere uma relação entre a covid longa e alterações no desempenho sexual de homens e mulheres.
Entre as sequelas estão a disfunção sexual, a dificuldade de ejaculação e diminuição da libido.
Dados analisados
O levantamento observou 2,4 milhões de registros de saúde do Reino Unido, com informações sobre a doença.
Para a análise, os participantes do estudo foram segmentados por idade, sexo, etnia, status socioeconômico e outros fatores.
Foram comparadas informações de 486.149 pessoas infectadas entre janeiro de 2020 e abril de 2021, não hospitalizadas, com 1,9 milhão de pessoas que testaram negativo para a covid-19.
A pesquisa encontrou 115 sintomas que podem ter ligação com a doença, dos quais 62 foram identificados em mais pacientes infectados.
Com os dados, os pesquisadores observaram que, aproximadamente, 10% dos pacientes com a covid-19 desenvolvem sintomas permanentes da infecção.
O que é a covid longa
A covid longa é o conjunto de sintomas que os infectados têm a longo prazo, que aparecem até três meses depois da infecção pelo vírus.
AS principais queixas são fadiga constante, zumbido no ouvido, perda de olfato e paladar prolongado e dores nas articulações.
Além dos sintomas já conhecidos, a pesquisa apresentou outras possíveis sequelas – como a disfunção sexual – que devem ser observadas com o passar do tempo.
Fonte: Revista Nature Medicine e especialistas consultados.
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