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Saúde

Saúde: especialistas alertam para risco de novas epidemias

Em eventos climáticos extremos, por exemplo, há a circulação de vírus e bactérias que vão provocam doenças


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Imagem ilustrativa da imagem Saúde: especialistas alertam para risco de novas epidemias
Ethel Maciel: epidemias de microrganismos mutados ou ressurgidos |  Foto: Leone Iglesias/AT- 30/08/2022

As mudanças climáticas já causam ao menos 150 mil mortes no mundo ao ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Nas próximas décadas, esse cenário pode ser ainda pior: de acordo com especialistas, a crise climática deve provocar o surgimento de novas epidemias.

A análise já foi, inclusive, comprovada por um estudo da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos.

A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, prevê que haverá epidemias de microrganismos mutados ou ressurgidos.

Um exemplo recente, citado pela pesquisadora, é a disseminação da febre Oropouche fora dos estados da região Amazônica, influenciada pelo desmatamento e pelas ondas de calor.

Ethel Maciel explica como eventos climáticos extremos podem favorecer o surgimento de novas epidemias.

“Nos eventos extremos, há a circulação de vírus e bactérias que vão provocar doenças. Estudos demonstram que sofreremos impactos na relação com agentes infecciosos, principalmente porque os microorganismos sofrerão mais mutações e poderão, de alguma forma, afetar nossa saúde”.

O aumento do desmatamento dos biomas brasileiros, por exemplo, pode desequilibrar ecossistemas e fazer com que alguns animais deixem seus habitats naturais e vivam em centros urbanos, explica o biólogo e mestre em Biologia Animal Daniel Gosser Motta.

“Animais que não possuem convívio natural com o ser humano e são grandes reservatórios de vírus, como os morcegos, correm risco de habitar cada vez mais os centros urbanos. O Brasil é um grande potencial para ser um epicentro de uma nova pandemia, devido ao grande desmatamento que ocorre na Amazônia”.

Negacionismo

A médica psiquiatra Clara Sfoggia alerta que o crescimento do negacionismo científico e do movimento antivacina pode piorar o cenário dos efeitos das mudanças climáticas na saúde humana.

“Precisamos criar uma sociedade na qual todos sintam-se seguros para falar sobre o que está acontecendo. Negar, além de ser um ataque à percepção de quem está em sofrimento, atrasa a criação de estratégias para lidar com os próximos acontecimentos climáticos e seus efeitos na saúde mental”, observa.

Idosos serão os mais afetados

Todos sofrerão consequências da crise climática, mas, de acordo com médicos, uma população em crescimento está entre as mais afetadas pelo problema: os idosos.

O doutor em doenças infecciosas e professor da Emescam Lauro Ferreira Pinto explica como a crise climática pode afetar especificamente a saúde dos idosos.

“O calor intenso aumenta os desmaios e síncopes em pessoas idosas, que são pessoas que normalmente tomam menos água. Em um cenário de ondas de calor muito intensas, idosos estão vulneráveis a esses eventos e podem ter fraturas e outras consequências das quedas”.

Ecoansiedade

Um medo crônico da destruição ambiental. Assim é definida a “ecoansiedade”, condição que já afeta idosos, adultos e, até mesmo, os mais jovens.

A psiquiatra Clara Sfoggia explica que, como as mudanças climáticas impactam a saúde de todos, essa condição tende a se tornar mais comum nos próximos anos.

“Angústia, aflição, tristeza, preocupações exageradas, catastrofismo e, às vezes, medo da morte iminente são algumas das definições relacionadas à ecoansiedade”, explicou a psiquiatra.

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