Produtos que alisam cabelo podem aumentar risco de câncer
A equipe observou que mulheres que utilizam esses produtos mais de quatro vezes por ano têm o dobro da probabilidade de desenvolver câncer de útero
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Quem é adepto do alisamento de cabelo precisa estar atento: produtos para alisar os fios podem estar ligados a um maior risco de câncer no útero.
Estudo feito por pesquisadores americanos mostrou que as mulheres que utilizam esses produtos mais de quatro vezes por ano têm o dobro da probabilidade de desenvolver câncer no endométrio.
As descobertas foram publicadas no Journal of the National Cancer Institute (Jornal do Instituto Nacional do Câncer, tradução livre), dos Estados Unidos, na última segunda-feira (17).
Os pesquisadores não coletaram informações sobre produtos e marcas específicas, mas apontam que várias substâncias químicas presentes nesses tipos de produtos, como, por exemplo, tioglicolato de amônio, parabenos, bisfenol A, metais e formaldeído (formol) podem contribuir para o aumento do risco de câncer.
A oncologista Carolina Conopca, da Medquimheo, ressalta que o formol, o bisfenol e os metais pesados, encontrados em produtos para alisamento de cabelo, já são comprovadamente causadores de câncer.
“A grande questão é a concentração dos produtos e a frequência. Quem se expõe muito a esses produtos, tem um risco aumentado”.
O câncer de endométrio, de acordo com a oncologista, pode causar dor pélvica, sangramento fora do período menstrual e sangramento em mulheres pós-menopausa.
“Normalmente, esse câncer acontece em mulheres mais idosas, obesas, sedentárias e que estão expostas às terapias hormonais”.
Segundo a oncologista Sabina Aleixo, já é sabido que pessoas que trabalham em salão de beleza têm um exposição maior a essas substâncias, assim como quem utiliza.
“Esse estudo reafirma agora a associação a esse tipo de câncer, pois já havia sido evidenciado relação com linfomas, leucemia e carcinoma de nasofaringe”.
Pessoas que trabalham em salão de beleza, conforme explicou a oncologista Kítia Perciano, têm tendência a apresentar leucopenia (baixo nível de glóbulos brancos no sangue).
“Isso ocorre por causa da toxicidade desses produtos sendo inalados, podendo causar leucemia e linfoma. Esses produtos são fortes e interferem na nossa multiplicação celular. Nos usuários, esses produtos têm absorção no coro cabeludo”.
Médicos recomendam cautela
Devido aos riscos que as substâncias presentes nos alisantes de cabelo podem causar à saúde, a pergunta que fica é: suspender ou não o alisamento capilar?
De acordo com os médicos, a recomendação é ter cautela. “O problema é o excesso. Tudo em excesso é prejudicial. Se for usar, que seja o mínimo possível”, recomenda a oncologista Kítia Perciano.
A médica diz que deve-se atentar para a composição dos produtos. “E se a pessoa usa esses produtos com menos frequência, ela não fica isenta, mas diminui o risco”.
Já a oncologista Sabina Aleixo recomenda às pessoas diminuírem a exposição a produtos que sabidamente são cancerígeno. “Talvez trabalhar a aceitação do cabelo natural”.
A oncologista Carolina Conopca também ressalta sobre estar atento à composição do produto.
Ela alerta ainda que, apesar de o estudo apontar o risco aumentado de câncer devido ao uso de metais pesados, atualmente os principais fatores de risco para o câncer de útero são a obesidade, a falta de atividade física e os maus hábitos alimentares.
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Estudo
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Saúde, dos Estados Unidos, indicou que alisar o cabelo pode aumentar o risco para câncer de útero em mulheres.
O artigo foi publicado na última segunda-feira na revista médica Journal of the National Cancer Institute (Jornal do Instituto Nacional do Câncer, tradução livre).
O trabalho acompanhou a saúde de 33.497 mulheres, que se voluntariaram para fazer parte de um estudo sobre possíveis fatores de risco para cânceres femininos.
Os cientistas ajustaram os fatores de risco já conhecidos para o câncer, como idade avançada, consumo de álcool, tabagismo e sedentarismo. A equipe observou que as mulheres que utilizam esses produtos mais de quatro vezes por ano têm o dobro da probabilidade de desenvolver câncer de útero, principalmente câncer de endométrio.
Substâncias
Os pesquisadores não coletaram informações sobre produtos e marcas específicas, mas apontam que várias substâncias químicas presentes nesses tipos de produtos, como tioglicolato de amônio, parabenos, bisfenol A, metais e formaldeído (formol) podem contribuir para o aumento do risco de câncer.
Corrente sanguínea
A hipótese é que as substâncias que compõem os produtos de alisamento entram na corrente sanguínea através do couro cabeludo.
Fonte: Folha de São Paulo e pesquisa AT.
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