X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Saúde

Poluição pode expor pessoas a bactérias resistentes a antibióticos, diz estudo

Segundo a pesquisa, a resistência bacteriana derivada de poluição pode ter levado a quase meio milhão de mortes prematuras em 2018


Imagem ilustrativa da imagem Poluição pode expor pessoas a bactérias resistentes a antibióticos, diz estudo
Os responsáveis pelo estudo construíram modelos matemáticos a partir de dados de 116 países, de 2000 a 2018, entre os quais o Brasil |  Foto: Reprodução/Canva

Qual você diria ser a relação entre resistência a antibióticos e poluição? Pelo menos até agora, talvez isso nem passasse pela sua cabeça. Mas uma pesquisa, publicada nesta segunda-feira (7), aponta um grave potencial nessa combinação. Segundo o estudo, a resistência bacteriana derivada de poluição pode ter levado a quase meio milhão de mortes prematuras em 2018.

O estudo, que saiu na revista Lancet Planetary Health, buscou estimar o efeito que a poluição tem sobre a resistência a antibióticos. E os resultados sugerem uma associação positiva e robusta. De acordo com os autores, trata-se da primeira análise mundial da relação entre as bactérias resistentes e poluição, medida por meio de material particulado.

Leia mais notícias de Saúde aqui

Os cientistas apontam que, considerando que a poluição é um dos fatores primários relacionados à resistência bacteriana -como sugerem os dados da pesquisa-, um maior controle poderia beneficiar a saúde global.

"O ar pode ultrapassar limites regionais e espalhar resistência a antibióticos por meio de longas distâncias e em uma grande escala, o que pode ser um link crucial entre a disseminação de tal resistência no meio ambiente e em humanos", escreveram os autores.

Segundo as estimativas dos pesquisadores, um aumento de 10% no material particulado anual poderia levar a um crescimento de 1,1% em resistência bacteriana e, no mundo, a mais de 43 mil mortes prematuras atribuídas à resistência a antibióticos. Se ações não forem tomadas, a situação deve escalar, dizem os cientistas.

"Os resultados sugerem que, apesar de outras medidas serem necessárias contra a resistência a antibióticos, controlar poluição por material particulado pode ser uma maneira promissora de reduzir tal situação em uma escala global", afirmam os pesquisadores.

A situação, segundo os cientistas, não é uniforme em todo o mundo. De acordo com as análises feitas no estudo, considerando que a região norte da África e a oeste da Ásia são as áreas com os mais graves níveis de poluição por material particulado, políticas de controle nesses locais poderiam levar a mudanças substanciais em resistência bacteriana.

Não é a primeira vez que é feita a correlação entre poluição (medida por meio de material particulado) e resistência microbiana. Em fevereiro deste ano, o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) lançou um relatório em que apontava o potencial que a poluição tem no espalhamento da complexa situação.

O documento destacava que, aparentemente, os sistemas aquáticos desempenham um importante papel no espalhamento da resistência.

Segundo o relatório do PNUMA, citando dados de outras pesquisas, estima-se que, em 2050, o número de mortes relacionadas à resistência microbiana possa chegar a 10 milhões por ano.

A pesquisa publicada na Lancet Planetary Health tem limitações. Países de baixa e média renda, usualmente, são os mais afetados pela resistência a antibióticos, mas também costumam ter deficiências nos dados. Além disso, há diferenças entre os países do mundo em níveis de testagem e monitoramento, o que pode afetar os resultados obtidos pelos cientistas.

Por fim, os autores do estudo alertam que os mecanismos pelos quais poluentes poderiam afetar resistência bacteriana não estão claros e evidências médicas são necessárias.

COMO A RESISTÊNCIA SE ESPALHA

Mas é possível que a resistência a antibióticos se espalhe pelo ar?

Basicamente, estamos expostos a elementos da resistência no dia a dia, seja pela alimentação, no contato com animais ou pelo ambiente ao redor. Com isso, o material particulado é somente uma dessas vias, mas com grande relevância, segundo a pesquisa divulgada nesta segunda.

A poluição seria uma via com capacidade de carregar e nos expor tanto às próprias bactérias resistentes a antibióticos quanto a genes de resistência bacteriana. Isso mesmo, voando por aí podem estar partes de DNA de bactérias que são resistentes aos tratamentos disponíveis.

No caso dos genes, o material particulado poderia aumentar a permeabilidade das membranas celulares das bactérias, o que poderia levar a um aumento da transferência genética horizontal entre esses micróbios e, consequentemente, à aceleração da evolução de elementos de resistência em patógenos bacterianos, dizem os cientistas.

Caso você esteja se perguntando, transferência genética horizontal é quase exatamente o que o nome indica, ou seja, pedaços de informação genética sendo transferidos entre indivíduos (que podem ser da mesma espécie ou até mesmo de espécies diferentes). Já a transferência vertical está relacionada, em linhas gerais, à reprodução, a passagem de progenitores para suas crias.

E de onde surgem essas bactérias e genes resistentes? Podem vir, por exemplo, de emissões de hospitais, indústrias farmacêuticas e, até mesmo do nosso dia a dia, nas cidades.

COMO A PESQUISA FOI FEITA

Os responsáveis pelo estudo construíram modelos matemáticos a partir de dados de 116 países, de 2000 a 2018, entre os quais o Brasil.

Foram utilizadas informações sobre resistência bacteriana e sobre elementos ligados ao fenômeno. Entre eles, estavam dados de uso de antibióticos, água potável, acesso a saneamento, renda per capita, gastos com saúde, letramento de adultos, temperatura e até mesmo índices de chuva. Logicamente, dados sobre material particulado, especialmente o PM 2,5, também foram levados em conta.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: