Nova varíola: Sinais podem se confundir com 4 doenças
Lesões podem ser semelhantes a sífilis, herpes simples, herpes zóster e catapora
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As feridas provocadas pela nova varíola podem ser confundidas com lesões causadas por outras quatro doenças: a herpes simples, herpes zóster, varicela (catapora), que se manifesta com mais frequência em crianças, e a sífilis. A informação é do gerente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Orlei Cardoso.
Segundo o gerente, essa possibilidade de confundir as doenças, aliada ao diagnóstico tardio, leva as pessoas infectadas a procurar os serviços de saúde já no final do ciclo da nova varíola, dificultando o isolamento e aumentando as chances de contágio.
“Há pessoas que têm herpes na região da boca, ou em alguma parte do corpo e estão acostumadas a lidar com a doença, por exemplo. E o sistema imunológico responde de uma forma mais positiva àquela doença”, explicou o gerente.
Orlei ainda detalhou que no caso da monkeypox são manchas vermelhas, “seguidas de inchaço, caroços, bolhas com pus”. “Depois elas estouram, formam a lesão, seguida da crosta, e entra na fase de cura. Então, se a pessoa já tem uma dessas doenças, ela pode se confundir”, observou.
A médica infectologista Ana Carolina D'Ettorres destacou que ao apresentar sintomas como mal-estar, fadiga, dor de cabeça, febre e lesões na pele (pontinhos inflamados) deve-se procurar um médico.
“A pessoa precisa ser isolada das outras e dos animais domésticos. Mesmo que esporádico, também há casos em cachorros”, afirmou.
Orlei Cardoso destacou que quando é colhido material para realizar um exame, a pessoa é orientada a usar máscara e a manter o isolamento. “Fazemos o diagnóstico diferencial. Caso seja alguma das outras quatro doenças é feito o tratamento específico”, disse.
A herpes comum tem entre os sintomas pequenas bolhas num mesmo local, avermelhadas e inchadas; bolhas que estouram e liberam pequenas camadas da pele.
A herpes zóster é caracterizada por bolhas e vermelhidão que afetam apenas um lado corpo, coceira no local afetado, dor, formigamento ou queimação na região.
A catapora tem entre os sintomas manchas vermelhas e bolhas no corpo. A sífilis apresenta manchas no corpo, que geralmente não coçam.
Entenda
O que é monkeypox?
Também Chamada de “varíola dos macacos” ou “nova varíola”, é uma doença causada pelo monkeypox vírus, do gênero Orthopoxvirus e família Poxviridae.
Transmissão
Trata-se de uma doença zoonótica viral, em que sua transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com animal silvestre (roedores) infectado; pessoa infectada pelo vírus monkeypox e materiais contaminados com o vírus.
Sinais e sintomas
Em geral, incluem erupções cutânea ou lesões de pele; adenomegalia - linfonodos inchados (ínguas), febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrio e fraqueza.
Observação
O intervalo entre o primeiro contato com o vírus até o início dos sinais e sintomas da monkeypox (período de incubação) é tipicamente de 3 a 16 dias, mas pode chegar a 21 dias.
Após a manifestação de sintomas, no período em que as crostas desaparecem a pessoa doente deixa de transmitir o vírus a outras pessoas.
As erupções na pele geralmente começam dentro de um a três dias após o início da febre, mas, às vezes, podem aparecer antes da febre. As lesões podem ser planas ou levemente elevadas, preenchidas com líquido claro ou amarelado, podendo formar crostas, que secam e caem.
O número de lesões em uma pessoa pode variar de algumas a milhares. As erupções tendem a se concentrar no rosto, na palma das mãos e planta dos pés, mas podem ocorrer em qualquer parte do corpo.
Diagnóstico
É realizado de forma laboratorial, por teste molecular ou sequenciamento genético. O teste para diagnóstico laboratorial será realizado em todos os pacientes com suspeita da doença. A amostra a ser analisada será coletada, preferencialmente, da secreção das lesões.
Quando as lesões já estão secas, o material encaminhado são as crostas das lesões. As amostras estão sendo direcionadas para os laboratórios de referência no Brasil.
Estou doente, o que fazer?
Procure uma unidade de saúde para avaliação e informe se teve contato próximo com alguém com suspeita ou confirmação da doença.
Se possível, isole-se. Higienize as mãos regularmente e siga as orientações para proteger outras pessoas.
Vacina
A doutora em Epidemiologia e professora da Ufes Ethel Maciel destaca sobre a vacina que as pessoas tomaram até a década de 70 no Brasil contra a varíola humana: “o que sabemos por um artigo científico publicado é que ela confere 85% de efetividade de proteção contra a gravidade da 'varíola dos macacos' porque são vírus muito parecidos”.
Ethel Maciel ressalta que é preciso considerar que o vírus em circulação agora sofreu mutações.
Fonte: Ministério da Saúde.
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