Estudo diz que doar sangue traz benefício à própria saúde
Estudo preliminar feito no Reino Unido indica que ser doador com frequência pode ajudar a proteger contra certos tipos de câncer
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Mutações genéticas no sangue de pessoas que doam sangue com frequência podem ser benéficas e poderiam proteger contra certos tipos de câncer. É o que sugere uma pesquisa publicada em maio no periódico Blood, da Sociedade Americana de Hematologia (ASH), nos Estados Unidos.
Para realizar a avaliação, pesquisadores do Instituto Francis Crick, no Reino Unido, analisaram amostras de sangue de 217 homens que haviam doado sangue cerca de três vezes por ano ao longo de 40 anos, totalizando pelo menos 100 doações, e os compararam com 212 voluntários esporádicos ou que nunca haviam doado.
O hematologista Douglas Covre analisa a prematuridade dos resultados. “São resultados bem preliminares. O estudo, por um lado, é bem-feito: ele comparou pessoas que não doaram com aquelas que doaram. Então isso é um resultado interessante”.
Ele continua: “Mas esse é um número muito pequeno. E afirmar que essas mutações são protetoras para o desenvolvimento de doenças que são relativamente raras é um pouco prematuro”.
A médica Belisa Sossai, coordenadora do setor de doação de sangue do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado (Hemoes) do Espírito Santo, concorda com a afirmação de que os estudos são iniciais.
“Estamos surpresos com essa informação e esperançoso que isso venha a dar resultado no futuro. Mas é tudo muito vago ainda”.
A hematologista Ana Carolina Vieira Lima, do Hospital Israelita Albert Einstein em Goiânia, disse, em entrevista à Agência Einstein, que o estudo britânico ocorreu in vitro, ou seja, as células foram estudadas fora do corpo humano.
“Nem sempre o comportamento das células em frascos de laboratório é igual ao comportamento em um organismo vivo”.
A médica também lembra que há critérios de elegibilidade para doação de sangue que visam a segurança do doador e do receptor.
“Pode ser perigoso estimular todas as pessoas a serem doadoras de sangue de forma frequente com base em um potencial benefício para si, sem se alertar para possíveis efeitos indesejados da doação de repetição, como anemia, hematomas, lesões por punção, entre outros”.
Quebrando o tabu para doar

O empresário na área da construção civil Osmar Cândido da Silva, 33 anos, tenta manter a rotina de doar sangue a cada três meses, que é o prazo mínimo entres doações para o sexo masculino.
“Eu comecei fazendo uma doação específica, para uma pessoa conhecida, isso há mais de 9 anos. Eu tinha muito tabu em relação à doação de sangue. Inclusive, nessa primeira vez, fui em jejum. Ao finalizar a doação, deu até uma pequena queda de pressão, mas isso não me impediu de voltar, pois foi muito gratificante”, afirmou.
“Desde então, meu coração se alegra a cada vez que venho, pelo simples fato de poder ajudar alguém com um gesto simples, rápido e, hoje posso afirmar, indolor”, declarou o empresário.
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Mutações genéticas benéficas
A pesquisa sugere que pessoas que doam sangue com frequência sofrem mutações genéticas possivelmente benéficas no sangue, que poderiam proteger contra tipos de câncer.
A pesquisa foi publicada em maio no periódico Blood, da Sociedade Americana de Hematologia (ASH), nos Estados Unidos.
Pesquisadores do Instituto Francis Crick, no Reino Unido, analisaram amostras de sangue de 217 homens que haviam doado sangue cerca de três vezes por ano, ao longo de 40 anos, com pelo menos 100 doações, e compararam com 212 voluntários esporádicos ou que nunca doaram.
Como doar
O voluntário precisa apresentar um documento oficial com foto, passar por um cadastro e por uma triagem clínica.
Nessa etapa, é feita uma avaliação sobre as condições de saúde do doador e possíveis impedimentos temporários ou definitivos.
Quem pode?
Homens e mulheres de 16 a 69 anos, com pelo menos 50kg.
Jovens de 16 e 17 anos precisam de autorização do responsável.
Pessoas com 61 anos ou mais só podem doar se já tiverem doado pelo menos uma vez na vida.
Frequência?
O indicado é até 4 doações por ano para homens, com intervalo mínimo de 60 dias; e para mulheres, até 3 doações por ano, e intervalo de 90 dias.
Onde doar?
Centro de Hematologia e Hemoterapia do Espírito Santo (Hemoes) possui unidades fixas e campanhas móveis.
Em Vitória, na sede principal do Hemoes, na avenida Marechal Campos, em Maruípe. Diariamente, inclusive fins de semana, das 7h às 18h20.
Na Serra, no Hospital Dório Silva. De segunda a sexta, das 7h às 15h20, não abre aos feriados.
Campanhas externas: o Hemoes também realiza coletas itinerantes em diferentes cidades, com unidade móvel ou estrutura de campanha com cadeiras fixas. O calendário dessas ações está disponível no site hemoes.es.gov.br.
Impedimentos comuns
Diversas condições podem inabilitar temporariamente a doação. Entre os motivos mais frequentes estão:
Tatuagens, piercings e maquiagem definitiva: impedem a doação por 6 meses, se o procedimento foi feito em local com boas condições sanitárias. Se a segurança do local for duvidosa, o prazo sobe para 1 ano.
Sintomas gripais ou respiratórios: aguardar 15 dias após melhora total.
Procedimentos médicos invasivos (como endoscopia ou colonoscopia): exigem espera de 6 meses.
Feridas, cortes ou inflamações na pele: só é possível doar 7 dias após a cicatrização completa.
Relação sexual com parceiro eventual nos últimos 12 meses
Grávidas, puérperas e lactantes
Mulheres grávidas não podem doar sangue. Após o parto, é necessário um período de recuperação antes da doação: 90 dias para parto normal e 180 dias para cesariana.
Além disso, se o bebê ainda for amamentado e tiver menos de 1 ano, a mãe não pode doar. A doação só é liberada após o primeiro ano de vida da criança, quando o aleitamento já é considerado complementar.
Uso de medicamentos
É possível doar mesmo tomando medicação, mas depende do tipo, motivo do uso e dosagem. O uso de hormônios, por exemplo — seja para reposição hormonal na menopausa, fins estéticos ou terapia hormonal em pessoas trans — deve ser avaliado pela equipe médica na triagem.
Situação crítica dos estoques de sangue Rh negativo
Mesmo com campanhas como o Junho Vermelho, que marca o Dia Mundial do Doador de Sangue (dia 14), os estoques de sangues com fator Rh negativo seguem baixos no Estado.
Esses tipos são menos frequentes na população e, por isso, é comum estarem em estado de alerta.
Pessoas com os tipos O-, A-, B- e AB- são especialmente incentivadas a doar com regularidade.
Fonte: Hemoes
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