Baixa autoestima e depressão: os sinais que a família deve se atentar nas crianças
Especialistas alertam para sinais físicos e emocionais da obesidade infantil, que exige atenção dos pais e acompanhamento profissional desde cedo.
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Há sinais que podem ser observados no dia a dia pelos pais e ajudar a identificar se a criança está acima do peso.
Sentir cansaço rapidamente ao brincar é um deles, explica Roberta Portugal, endocrinologista pediátrica. Mas há outros, destaca a especialista.
“Se as roupas estão deixando de servir muito rápido ou a criança está usando números muito acima de sua idade, por exemplo”, ressalta.
Segundo a especialista, dificuldade para dormir, vergonha do corpo, dores no joelho ou nas pernas devem acender o alerta dos pais.
“Mas o ideal é que o acompanhamento com o pediatra seja regular, porque muitas vezes o excesso de peso vai acontecendo aos poucos e pode passar despercebido”, afirma.
Uma preocupação da endocrinopediatra Poliana Guarçoni é que muitos pais ignoram o perigo da obesidade infantil acreditando que, ao crescer, as crianças vão perder peso.
“Pais acreditam que quando a criança chegar na adolescência vai fazer o 'estirão' e emagrecer. Isso é um mito”, explica.
A profissional alerta que uma criança obesa tem 75% de chance de se tornar um adolescente obeso.
5 conselhos para pais
Exercício
Estimule 60 minutos diários de atividade física moderada a vigorosa. Se o dinheiro ou tempo não permitirem aulas extras, como luta, leve seus filhos nos finais de semana para lugares onde possam brincar, como praia.
Telas
Limite o tempo de tela das crianças e adolescentes para duas a três horas por dia, como é recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Vale para computador, televisão, celular, videogame, entre outros.
Comida
Promova um ambiente tranquilo e livre de pressão na hora das refeições. Isso é fundamental para a criança criar um bom relacionamento com a comida. Também envolva a criança na preparação.
Emoções
Tenha um olhar e uma escuta atenta para as demandas emocionais dos seus filhos. É papel dos pais ensiná-los a nomear e lidar com emoções. Quando necessário, busque auxílio de um psicólogo especialista na área.
Sono
Estabeleça uma boa rotina de sono em que seu filho durma e acorde cedo. O sono é fundamental para o equilíbrio hormonal e o bom funcionamento do metabolismo. O tempo ideal varia de acordo com a idade.
Baixa autoestima e depressão por causa da obesidade
“A Luiza Vitória sofreu muito bullying na escola por causa do peso e do cabelo dela. Ela não queria ir para a escola, chorava muito”, conta Eliana da Silva.
Além disso, quanto mais sofria, mais comia, relata a autônoma. “Ela comia e chorava. Sofri junto com ela. Quando entrou na academia que foi melhorando. Graças a Deus está tudo melhor”.
A situação de Luiza não é rara. Especialistas alertam ser comum crianças acima do peso sofrerem bullying.
“A criança com obesidade carrega esse estigma. São mais vítimas de bullying, tem a autoestima mais baixa. Certamente, quando vão para a escola, sofrem preconceito. Esse problema emocional tem que ser visto com muito carinho”, confirma a endocrinopediatra Poliana Guarçoni.
A psicóloga infantojuvenil Paula Santos concorda. Ela adiciona que o trauma vivenciado pela criança pode gerar diversos tipos de transtornos mentais, como depressão e ansiedade.
“Estar acima do peso ou com obesidade pode afetar a saúde mental da criança pois nossa saúde física está interligada com a mental”, detalha.
Não apenas consequência, mas a saúde mental também pode ser a origem do sobrepeso. Ela explica que crianças também podem “comer suas emoções”.
“É mais comum do que se imagina ter dificuldade em nomear e gerir as emoções e, na tentativa de aliviar a dor, comermos as nossas emoções, descontando o que sentimos na comida”.
Roberta Portugal, endocrinologista, complementa que os pais nunca devem culpar a criança ou usar frases negativas sobre o corpo dela. “A obesidade não é falta de força de vontade. É uma condição de saúde e precisa ser tratada com acolhimento”.
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