Aumenta procura por tratamento psiquiátrico entre pessoas que tiveram Covid
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Um estudo publicado este mês pela revista científica inglesa The Lancet Psychiatry apontou que uma em cada três pessoas que tiveram Covid recebeu diagnóstico de doença mental ou neurológica, em um período de seis meses após a infecção. Esse é o maior estudo do tipo já feito.
Os autores analisaram os dados de 236.379 pacientes, a maioria dos EUA. O estudo incluiu pessoas maiores de 10 anos de idade que foram infectadas com o coronavírus depois de 20 de janeiro de 2020 e estavam vivos em 13 de dezembro do mesmo ano.
O grupo foi comparado com outro de 105 mil pacientes que tiveram gripe e um de 236 mil pessoas que tiveram qualquer doença de trato respiratório (incluindo gripe). Segundo eles, ansiedade (17%), transtornos de humor (14%), abuso de substâncias (7%) e insônia (5) foram os diagnósticos mais comuns que os sobreviventes da Covid-19 receberam.
Apesar do teste ter sido feito nos EUA, médicos psiquiatras disseram também ter percebido o aumento nos atendimentos em pacientes que tiveram Covid, e hoje apresentam algumas sequelas mentais.
“Pessoas que não tinham nenhum transtorno, depois da Covid, apresentaram dificuldade de concentração, ansiedade, e depressão. É como se os fatores inflamatórios liberados pela doença fossem capaz de comprometer o funcionamento cerebral, como a produção de neurotransmissores, por exemplo”, disse o psiquiatra e professor da UVV Valber Dias Pinto.
O psiquiatra Fernando Furieri reforçou que as principais queixas dos pacientes depois de terem contraído a Covid tem sido estresse, ansiedade, depressão, dificuldades de atenção, concentração e memória.
“A Covid causa também uma reação inflamatória no corpo todo, inclusive no cérebro. Além do medo antecipado, do luto por perdas de familiares e amigos”, disse.
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