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Tempo e Temperatura

Planeta pode ter entrado em era de aquecimento acima de 1,5°C, indicam estudos

Meta preferencial do Acordo de Paris é de 1,5ºC


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Imagem ilustrativa da imagem Planeta pode ter entrado em era de aquecimento acima de 1,5°C, indicam estudos
Além de ter sido declarado o ano mais quente da história da humanidade, 2024 foi também o primeiro a ultrapassar o limiar de 1,5°C |  Foto: © Divulgação/Canva

No atual cenário climático, a Terra tem grande probabilidade de ultrapassar a meta preferencial do Acordo de Paris, que é a limitação do aquecimento global a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais. Modelagens climáticas sugerem que o planeta já pode ter entrado em um período de múltiplas décadas acima deste patamar.

Essa possibilidade é apontada por dois artigos independentes, publicados na revista Nature Climate Change, que analisaram o panorama climático desenhado pelos recordes de calor documentados no ano passado.

Além de ter sido declarado o ano mais quente da história da humanidade, 2024 foi também o primeiro a ultrapassar o limiar de 1,5°C de aquecimento em relação ao período anterior à Revolução Industrial, que é o período padrão de referência para o clima antes da emissão em larga escada de gases-estufa.

Isoladamente, a ultrapassagem em 2024 dessa cifra --considerada pelos cientistas como o teto para impedir as piores consequências das mudanças climáticas-- não significa que o limite tenha sido definitivamente rompido, uma vez que há uma série de variantes sazonais que podem interferir nas temperaturas de um determinado ano.

Para eliminar a interferência de fenômenos como o El Niño e o La Niña e verificar com maior precisão a trajetória climáticas, é preciso considerar o resultado de um intervalo de tempo maior. A interpretação adotada pela comunidade internacional e científica é a do IPCC, o painel de especialistas do clima da ONU (Organização das Nações Unidas). O grupo considera que é preciso um período de 20 anos com temperaturas acima desses valores para bater o martelo sobre o nível de aquecimento.

"Descobrimos que, a menos que seja implementada uma mitigação climática rigorosa, o fato de 2024 ter sido o primeiro ano acima de 1,5°C indica que a Terra já entrou, com alta probabilidade, no período de 20 anos em que essa meta do Acordo de Paris será atingida", disse à Folha de S.Paulo Emanuele Bevacqua, do Centro Helmholtz de Pesquisas Ambientais, na Alemanha, que liderou um dos artigos publicados agora.

Para chegar ao resultado, a equipe de Bevacqua analisou dados climáticos do passado, identificando tendências nos padrões de aumento de temperatura e nos limiares ultrapassados nos anos anteriores.

Ao analisar os níveis de aquecimento, os dados mostram que houve um padrão entre os limiares de aquecimento de 0,6°C e 1°C: sempre que um ano isolado ultrapassou a respectiva marca, isso aconteceu dentro do primeiro período de 20 anos em que a temperatura média atingiu esses mesmos valores.

Com base nisso, os pesquisadores levantam a hipótese de que o mesmo pode deve acontecer agora. Os cientistas utilizaram modelagens climáticas em diferentes cenários de emissões de gases-estufa, que são determinantes para os níveis de aquecimento, para calcular a probabilidade de 2024 ter sido o primeiro ano do intervalo de múltiplas décadas acima de 1,5°C.

Os resultados foram claros: dependendo do cenário de emissões, essa probabilidade varia de provável (66% de chances ou mais) a praticamente certa (99% ou mais).

O segundo artigo também utilizou modelagens climáticas e análises de dados de aquecimento anteriores.

O trabalho, assinado por Alex Cannon, do ministério do meio ambiente e mudanças climáticas do Canadá, investigou se o fato de 2024 ter sido o primeiro ano com 12 meses consecutivos de temperaturas acima de 1,5°C pode indicar que o mundo já ultrapassou o limite do Acordo de Paris.

De acordo com as projeções, 12 meses consecutivos com temperaturas acima de 1,5°C geralmente ocorrem quando o aquecimento de longo prazo já foi alcançado. Dependendo do cenário de emissões, a probabilidade de que isso já tenha ocorrido varia entre 56% e 76%.

O artigo alerta que, se a sequência de meses acima de 1,5°C continuar por mais tempo, a ultrapassagem do Acordo de Paris será praticamente certa. Em alguns dos cenários, uma série de 18 meses consecutivos acima desse patamar já sinaliza que isso tem probabilidade igual ou superior a 99% de acontecer.

Apesar das projeções preocupantes e da conjuntura desfavorável, os dois trabalhos salientam que ainda é possível manter a meta do Acordo de Paris ao alcance. Para isso, no entanto, é necessário realizar um grande esforço para reduzir a emissão de gases causadores de efeito estufa.

"Nosso estudo não significa que a Terra já ultrapassou o limite do Acordo de Paris", enfatizou Emanuele Bevacqua, do Centro Helmholtz de Pesquisas Ambientais.

"Nossos resultados reforçam que cortar emissões nunca foi tão importante, e que isso pode reduzir substancialmente a probabilidade de atingir permanentemente o limite de 1,5°C logo após 2024. Ações rápidas de mitigação são necessárias para manter o aquecimento bem abaixo de 2°C caso o limite de 1,5°C seja temporariamente ultrapassado."

"Um ano acima de 1,5°C deve ser visto como um chamado à ação, não como um motivo para desespero', completou o pesquisador.

A atual conjuntura internacional, contudo, indica cada vez mais empecilhos ao cumprimento dos compromissos para reduzir as emissões.

Maior emissor histórico e vice-líder atual na poluição, atrás apenas da China, os Estados Unidos sairão do Acordo no fim deste ano, após decisão anunciada por Donald Trump ainda no dia da posse, em 20 de janeiro. Outras nações também sinalizam que podem abandonar o pacto.

Enquanto isso, o planeta segue batendo recordes de temperatura. Surpreendendo cientistas, que já esperavam ver efeitos de arrefecimento trazidos pelo fenômeno climático sazonal La Niña, o mês passado foi declarado o janeiro mais quente da história da humanidade.

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