Veja o que dizem os especialistas sobre menina que matou a mãe
Alguns comportamentos são alarmantes e devem ser observados pelos pais
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Estarrecido com o fato de uma criança de 11 anos orquestrar a morte da própria mãe, o titular da Delegacia Regional de Vila Velha, delegado Marcelo Nolasco, ressaltou que estava diante de uma situação que aparentemente não teria explicação.
“É algo totalmente diferente da vivência policial. A gente está acostumado com violência, mas esse caso é muito mais que uma violência, é uma coisa a ser estudada. O que leva uma criança a matar a própria mãe? Isso aí é algo que reflete que o nosso mundo não está legal”, disse.

Para evitar desfechos tão trágicos, a prevenção acaba sendo uma importante aliada. Nesse sentido, o psiquiatra Jairo Navarro destaca que é importante que os pais estejam próximos dos filhos, dialoguem e dediquem tempo a eles.
“Assim, é possível perceber como eles pensam, como se comportam e como agem. Se o filho apresenta um comportamento disfuncional, é fundamental estar mais perto, por mais difícil que possa parecer. Procurem ajuda especializada”.
Francisco Assumpção, psiquiatra com título em infância e adolescência, observa que “não existem primeiros sinais e sim uma conduta que se mostra aberrante no decorrer da vida, com crueldade, ausência de arrependimento, frieza afetiva e pouca empatia”.
Tudo isso, como ele destaca, deve ser observado em diferentes momentos e situações. “Há de se ter claro que não existe um fato específico que provoque desconfiança, mas uma forma de existir que se mostra anormal”.
Fernanda Mappa, psiquiatra infantil, destaca a necessidade de ter mais mecanismos de prevenção do que de intervenção.
“Quando a gente fala em mecanismos de prevenção, a gente precisa começar com esses mecanismos de proteção durante a primeira infância tendo um bom padrão de acolhimento.”
O que eles dizem
> Transtorno de conduta
“Fazendo uma análise preliminar sobre esse caso, podemos estar diante de um possível quadro de transtorno de conduta. Mesmo por conta da idade, por conta da questão de maturidade, a gente não poderia dizer que se trata de um quadro de um transtorno de personalidade antissocial.” Fernanda Mappa, psiquiatra infantil
> Traumas podem piorar
“Essas situações normalmente vêm de pessoas com perfil antissocial, que é o antigo psicopata. Muito provavelmente ela tem um transtorno de personalidade. É preciso fazer uma análise, mas normalmente a gente espera chegar na maioridade. Possíveis traumas podem acarretar isso? Podem piorar o quadro, mas isso nasce com a criança”. Letícia Mameri, psiquiatra
> Quem vai tomar conta?
“A menina tem todos os sinais de psicopatia. Um exemplo disso é o fato dela querer culpar alguém, mesmo sendo a autora. Ela planejou o crime como uma pessoa doente. Agora, quem vai tomar conta dela? A Justiça pode até obrigar o tio, o avô e a avó, mas e o risco? Quem assume o risco de ficar com essa menina do lado? Francisco Veloso, psicanalista
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