Quatro crianças são mantidas em cárcere privado pelos próprios pais
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Quatro crianças foram encontradas em condições de maus-tratos dentro de casa em Barra de São Francisco, região Noroeste do Estado. Os pais estavam mantendo os filhos em cárcere privado.
As crianças de 12, 10, 6 e 4 anos, foram encontradas no local que estava com muita sujeira e fezes de animais. O caso aconteceu no dia 29 de agosto.
A Polícia Militar foi acionada pelo Conselho Tutelar para fazer o acompanhamento até uma residência do bairro Irmãos Fernandes após segundo denúncias.
No local, os policiais verificaram que havia muita sujeira e fezes de animais dentro da casa. Ao abordar as crianças e questioná-las sobre a situação, elas informaram que ficavam sempre trancadas em casa com os animais e que estavam sem se alimentar há vários dias.
As vítimas foram encaminhadas para atendimento médico. Já a mãe, de 31 anos, e o pai, de 34, foram encaminhados à Delegacia Regional do município, onde foram ouvidos e detidos.
No dia 30 de agosto, os pais passaram por uma audiência de custódia. No termo de audiência, um dos conselheiros relatou que as crianças aparentavam não tomar banho há muito tempo, estavam muito magras e com piolhos.
Também disse, em depoimento, que uma das crianças mais novas não conseguia andar de tanta fraqueza. Diante disso, foi prestado socorro médico às crianças, que depois foram levadas para um abrigo.
A denúncia chegou ao Conselho Tutelar por meio da diretora da escola em que uma das crianças estuda. Ela teria feito contato com o pai da criança informando a necessidade de realizar uma prova de forma presencial. A diretora contou que o pai apresentou resistência, mas levou a criança para a escola depois de muita insistência.
A diretora desconfiou da atitude do pai e os professores fizeram algumas perguntas e a criança apresentou algumas respostas prontas. Diante disso, os docentes conseguiram uma reunião reservada com a criança.
Durante o encontro, a diretora observou que a criança parecia estar sofrendo pressão psicológica e "mal parava em pé de fraqueza". Após isso, a diretora entrou em contato com o conselho.
Uma das conselheiras foi até a residência para tentar conversar com as crianças. Três delas foram levadas até a sede do conselho tutelar para serem ouvidas. Apenas a mais nova, que é autista, não foi levada.
Após o depoimento das crianças, a PM foi acionada para ir até a casa e levar a criança mais nova também. Os militares informaram que ao chegarem no local, encontraram a criança comendo um pedaço de fezes de cachorro.
A médica que atendeu as crianças informou que elas apresentavam características de cativeiro com unhas grandes e sujas, muita sujeira pelo corpo, piolho e dentes podres.
Na audiência de custódia, o juiz concedeu alvará de soltura para os pais desde que sejam cumpridas algumas medidas cautelares.
O casal terá que comparecer em Juízo para justificar suas atividades na última semana de cada mês, manter o endereço sempre atualizado e comparecer aos atos processuais, além de ficarem afastados das crianças até a decisão da Vara de Infância.
A Polícia Civil (PC) informou que o caso segue sob investigação da Delegacia Regional de Barra de São Francisco, que realiza diligências e aguarda a chegada dos laudos periciais.
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