“Pedi para meu filho não ir à ilha”, diz mãe de um dos jovens que morreu na chacina
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Usando uma camisa com fotos e uma mensagem sobre o filho Yuri Carlos de Souza Silva, 23, a cuidadora social Mônica de Souza Silva, 38 anos, conversou com a reportagem no final da tarde de ontem e falou dos sonhos que o jovem tinha e foram interrompidos de forma tão precoce.
A Tribuna – Quem era Yuri?
Mônica de Souza Silva – Era um jovem que gostava de curtir a vida. Falava em ir embora do Brasil, de viajar. Ele queria conhecer Portugal.
Ele estudou até o ensino médio e não se interessou mais para estudar. Foi remador do Saldanha na adolescência, disputou regatas da Copa Norte-Sul, foi campeão.
Quando foi a última vez que conversaram? O que ele disse?
Foi ontem (segunda-feira). Simplesmente, ele disse que estava indo na maré, que era um hábito. Ainda falei: 'filho, não vai'.
Eles iam lá para pescar, tomar banho. Às vezes, para fazer churrasco, passar o dia. Era um hábito. A gente nasceu e cresceu aqui. Essa ilha é o quintal da nossa casa. A gente fala que é a nossa praia particular.
Por que pediu para ele não ir à ilha?
O sol estava muito quente. Sei lá, falei para ele ficar dentro de casa.
Estava aqui (na Prainha de Santo Antônio) e vi quando eles entraram na canoa. Meu filho disse que iria rapidinho e que os meninos estavam esperando por ele. Ele ainda garantiu que rapidinho estaria de volta, mas, infelizmente, voltou carregado dentro de um saco.
O que fica agora?
Eu não fico revoltada. Estou em paz, mas espero que a justiça seja feita. Se não for pelos homens, que seja a de Deus. Confio em Deus. Foi uma crueldade muito grande o que fizeram.
O vídeo que eu vi (feito pelos assassinos), a foto que eu vi, acho que ninguém merece. Eu fico imaginando o pavor que esses meninos passaram no momento do vídeo. Eles sentados, ajoelhados, de mãos para cima, sem chance de defesa. E fico me perguntando: por quê?
Eles não tinham envolvimento com nada de errado?
Nada.
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