Ônibus e barricadas são incendiados após jovem ser morto na Serra
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Fogo e manifestação após a morte de um jovem de 24 anos, em Central Carapina, na Serra. Um ônibus foi incendiado na BR-101 e barricadas em chamas foram colocadas nas ruas do bairro, na noite do último sábado (14), depois que Patrick Wendel dos Santos Rosa foi baleado pela polícia.
O caso começou por volta das 19h, na esquina da avenida Vitória com a rua Niterói. De acordo com a polícia, os militares receberam uma denúncia sobre suspeitos armados em uma rua do bairro, e foram até lá averiguar.
Vendo a viatura, um grupo de jovens teria corrido, dentre eles o ajudante de carga e descarga Patrick. Segundo a nota da polícia, o jovem estaria com uma arma na cintura e teria apontado em direção aos militares, que atiraram. Ele ainda correu, mas caiu no chão logo em seguida.
Enquanto prestavam socorro a Patrick, um outro jovem, de 19 anos, teria xingado os policiais e jogado pedras neles, por isso, ele foi detido. O ajudante foi levado para o Hospital Estadual Jayme dos Santos Neves, mas não resistiu ao tiro na região do tórax e morreu.
Por meio de nota, a polícia ainda declarou que: “Policiais da Força Tática receberam uma denúncia de que o suspeito ferido teria jogado uma arma embaixo de um ônibus e os indivíduos que o acompanhavam estavam tentando localizar. A guarnição foi até a região e encontrou uma pistola calibre 7.65 modificada para disparo de calibre .380, com 12 munições”.
Depois de ficarem sabendo da morte de Patrick, os moradores se revoltaram. Primeiro, atearam fogo em pedaços de madeira e borracha, fazendo barricadas na rua. Depois, por volta das 23h40, um ônibus do sistema Transcol foi incendiado na entrada do bairro, na BR-101.
Segundo a polícia, nenhum suspeito foi detido e o Corpo de Bombeiros foi acionado para apagar o fogo. A Companhia Independente de Missões Especiais (Cimesp) permaneceu na região, junto com os outros policiais, para reforçar o patrulhamento.
Patrick deixou um filho de 5 anos. O jovem de 19 anos, que foi detido pelos xingamentos, assinou um termo circunstanciado (TC) e foi liberado para responder em liberdade. A arma apreendida será encaminhada para o setor do Departamento de Criminalística-Balística, e o caso será investigado pelo Serviço de Investigações Especiais (SIE).
Família nega que ajudante estava armado
A versão da família e de moradores sobre a morte de Patrick Wendel dos Santos Rosa, de 24 anos, é diferente da contada pela polícia. Eles afirmam que o jovem não estava armado, e que tinha apenas saído para comprar um pastel quando foi surpreendido pelos militares.
“Foi por volta de umas 19h. Ele tomou banho, pegou o gel que ele gostava para arrumar o cabelo, chegou na porta e perguntou: mãe, estou bonito? Eu disse que sim. Então ele saiu para comprar pastel. Não ouvi tiro nem nada, só recebi a notícia de que ele tinha sido baleado”, contou a mãe dele, que não quis se identificar.
Ela foi até o local onde o filho estava, mas não conseguiu ver o jovem. “Eles não deixaram a gente socorrer ele. Colocaram ele baleado na viatura e ainda me jogaram spray de pimenta quando me aproximei”, declarou ela.
Sobre a arma, a mãe nega: “Ele não estava armado, isso dele trocar tiros com a polícia é mentira. Estou me sentindo desamparada. Patrick era um filho bom, meu braço direito. Tinha o sonho de construir uma casa para o filho poder morar com ele”.
Outra moradora, que não quis se identificar, também questionou a versão da polícia. “Os policiais entraram no bairro e deram a voz de abordagem mas ele não parou e correu. O policial se abaixou de atirou de fuzil nas costas dele. Eu acho que se eles queriam parar ele, eles tinham que dar o tiro na perna, porque acima disso já é para matar. O Patrick não estava armado”, alegou ela.
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