Mineiros escondidos em Fundão iam pagar 90 mil para entrar ilegalmente nos EUA
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Com um número crescente de pessoas buscando morar nos Estados Unidos, a Polícia Federal está investigando a atuação no Espírito Santo de “coiotes”, criminosos responsáveis pela travessia ilegal de pessoas na fronteira com o México.
Como parte da investigação, a Polícia Federal cumpriu ontem um mandado de busca e apreensão em uma casa em Fundão. Lá, foram encontradas 10 pessoas de Minas Gerais, que pagariam até R$ 90 mil por família para chegar ilegalmente aos Estados Unidos.

Elas estariam na casa, entre 15 e 20 dias, aguardando a confecção de documentação e emissão de passagens para o México, de onde fariam a travessia. Quatro delas eram menores de idade, entre 3 e 17 anos.
O delegado federal Guilherme Helmer, da Delegacia de Defesa Institucional, explicou que a investigação começou após denúncia. “Ao cumprir o mandado de busca hoje (ontem), foi constatado que as pessoas que estavam na casa esperavam o momento certo para embarcar. Eles eram todos de Minas Gerais”.
Segundo o delegado, os “coiotes” não estavam no momento da busca. Eles foram identificados e as investigações vão continuar. “Um deles já foi investigado várias vezes pela prática, preso, condenado e estava cumprindo o resto da pena em regime aberto”.
As 10 pessoas que estavam na casa foram ouvidas pela Polícia Federal e liberadas.
O delegado regional de Combate ao Crime Organizado, Ivo Roberto Costa da Silva, afirmou que Espírito Santo está sendo usado como rota dos coiotes.
“Vir para o Espírito Santo pode ser uma forma de tentarem ludibriar as autoridades, movendo as pessoas para um local que não chamaria tanta atenção”, revelou o delegado.
O superintendente regional da Polícia Federal no Estado, Eugênio Ricas, afirmou que tem aumentado o número de pessoas se aventurando na travessia da fronteira. “O Espírito Santo está disputando o segundo lugar com Rondônia em número de brasileiros apreendidos por autoridades americanas tentando entrar nos Estados Unidos de forma ilegal”.

ENTENDA Criança de 3 anos no grupo
Denúncia
- Por meio de uma denúncia, a Polícia Federal está investigando dois “coiotes” (criminosos contratados para conduzir pessoas até áreas de fronteira no esquema de imigração ilegal) que estariam atuando no Espírito Santo.
- Durante as investigações, a polícia conseguiu identificar uma residência no município de Fundão que estaria sendo usado como “entreposto” na rota da imigração ilegal para os Estados Unidos.
- Nessa residência, pessoas que tinham contratado o serviço de “coiotes” aguardavam a confecção de documentação e emissão de bilhetes aéreos até o momento da partida para o México. Lá, eles seriam entregues a “coiotes” mexicanos, que seriam responsáveis por atravessar a fronteira com os Estados Unidos.
Busca e apreensão
- Como parte da investigação, a Polícia Federal cumpriu ontem o mandado de busca e apreensão no município de Fundão.
- No local foram encontradas 10 pessoas, sendo seis adultos e quatro menores de idade, entre 3 e 17 anos. Todos eram de Minas Gerais.
- Essas pessoas estavam no local entre 15 e 20 dias. Elas confirmaram que estavam no local para aguardar as condições para embarcar e que teriam pago cerca de R$ 90 mil por uma família de três pessoas.
- As pessoas pagariam parte no Brasil e outra parte já no México.
- Elas foram ouvidas e liberadas.
- Uma das pessoas que estavam no local contou que já tinha tentado uma vez entrar no México para tentar a travessia da fronteira, mas o México fez com que retornassem. Eles tentavam novamente.
Coiotes
- Apesar de não estarem na casa no momento da operação, os dois coiotes, que teriam sido contratados pelo grupo, já foram identificados e continuam sendo investigados.
- Um deles já foi preso pelo mesmo crime em investigações realizadas pelo Grupo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e ao Contrabando de Migrantes da Polícia Federal no Estado de Minas Gerais. Ele cumpria pena em regime aberto.
Crimes investigados
- Os investigados poderão responder pela prática do delito de Promoção de Migração Ilegal, que prevê pena de reclusão, de dois a cinco anos.
Fonte: Polícia Federal
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