Menina que planejou a morte da mãe: O que pode ter motivado o crime?
Para especialistas, não existe uma resposta pronta e vários fatores podem contribuir, como relações e ambiente familiar e social
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Diante de um comportamento cruel, surge um questionamento: o que pode ter levado uma menina de 11 anos a matar a própria mãe? Ainda buscando respostas, familiares e vizinhos disseram que ela “tinha tudo, recebia amor, mas era agressiva nas palavras, brigava com a mãe, não aceitava limites e teria sofrido abusos sexuais”.

Para especialistas, não existe uma resposta pronta. Vários fatores podem contribuir, como relações afetivas com a família, ambiente familiar e social, e outros.
Francisco Assumpção, psiquiatra com título em infância e adolescência, entende que não se pode buscar um motivo de maneira linear.
“Devem entrar em jogo características da menina (caráter, impulsividade e crítica) e aspectos decorrentes do ambiente (experiências anteriores, relações com a família, ambiente familiar e social) todos constituintes de sua personalidade, ainda em formação”.
“Exatamente por isso e pelas poucas informações que tenho não posso falar, inicialmente, em transtorno de personalidade embora a baixa empatia possa ser um indicador, bem como o planejamento e a tentativa de ocultamento sem sinais de remorso ou arrependimento. Essa crueldade pode ser inerente a ela”, completou.
Jairo Navarro, médico psiquiatra, diz que as famílias precisam ficar atentas ao comportamento dos adolescentes para identificar sinais de transtornos.
“Nessa faixa etária, não costumamos falar de psicopatia ou transtorno de personalidade antissocial, porque entende-se que, até os 18 anos, a personalidade ainda está em formação. O que analisamos é o chamado transtorno de conduta, que tem características comportamentais muito semelhantes as do transtorno de personalidade antissocial observado no adulto”.
Ele observa, nesses casos, padrões de comportamento e relacionamento disfuncionais.
“As pessoas com esse transtorno têm uma dificuldade enorme de obedecer, de cumprir regras e de serem empáticas, costumam não se sensibilizar com o sofrimento alheio, são frias emocionalmente e se focam principalmente no próprio desejo, sem medirem as consequências do que é preciso fazer para realizá-lo e, geralmente, não sentem remorso. Por isso são mais propensas a cometerem delitos e crimes de menor potencial ofensivo, mas, em casos raros, podem cometer, sim, crimes graves, como matar para ter a liberdade que julgavam não ter, por exemplo”.
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