72% dos homicídios cometidos no ES são esclarecidos, diz polícia
“Nós somos o 6º estado que mais elucida homicídios no Brasil", explica o delegado-geral da Polícia Civil José Darcy Arruda
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O Espírito Santo tem uma produtividade na resolução de homicídios de 72%, de acordo com o delegado-geral da Polícia Civil José Darcy Arruda.
“Nós somos o 6º estado que mais elucida homicídios no Brasil. Somos o 1º na região Sudeste. Nós estamos à frente de São Paulo, ganhamos do Rio, de Minas Gerais. 72% de produtividade. A nossa resolutividade fica na ordem de 50% a 52%”, explica Darcy Arruda.
O delegado-geral observa que a resolutividade refere-se aos homicídios desvendados durante o ano em que ocorreram. “Produtividade, por exemplo, eu estou aqui em 2025, descobri um crime de 2022. Ele vai computar em 2022, mas eu descobri em 2025”, salienta.
Darcy Arruda explica que há casos de homicídios que a investigação demora por uma série de fatores.
“Por exemplo, como você desvenda um homicídio de um indigente? Por exemplo, de uma pessoa que você não tem identificação. Porque quando nós falamos de homicídio, o corpo conta a sua própria história. Quando a polícia chega no local e vê o corpo, quer saber quem é, onde esteve, com quem falou, com quem se relaciona”, observa.
De acordo com o delegado-geral, é com essa investigação, a partir do corpo, que se traçam os vínculos para se chegar à autoria.
“Como você consegue fazer um vínculo desse, por exemplo, de uma pessoa que você não tem informação nenhuma? Então, às vezes, demora um pouco. Mas a gente consegue, por exemplo, na ordem de 72% de produtividade e na ordem de 52% de resolutividade. Então, é muito isso”.
Uma ferramenta que Darcy Arruda destaca na resolução de homicídios e outros crimes no Estado é o Cerco Inteligente, que foi lançado em 2022, na gestão do governador Renato Casagrande.
“Nós temos uma ferramenta no Estado chamada Cerco Inteligente, que nos proporciona localizar um veículo em menos de 24 horas. Ela também nos dá um relatório do tráfego desse veículo”, afirma o delegado-geral.
Nos casos de investigação de homicídio, um possível veículo envolvido pode ter informações parametrizadas sobre sua presença no local do crime.
Outra ferramenta é um projeto piloto de reconhecimento facial. Existe o equipamento móvel e um em um local fixo. “Se há um mandado de prisão e a pessoa passa, na mesma hora, pega a imagem, joga para o banco de dados e me informa que há o mandado. Imediatamente, esse setor encaminha para nossa superintendência de capturas”.
Mais de R$ 30 milhões bloqueados
Somente em duas grandes operações do Departamento Especializado de Narcóticos (Denarc) e do Centro de Inteligência e Análise Telemática (Ciat), a Polícia Civil está com R$ 30 milhões sequestrados pela Justiça dos alvos dessas operações.
“Quando o juiz der o perdimento para a Polícia Civil, nós vamos então dissolver, nós vamos fazer leilões desses bens materiais e o dinheiro, que está em numerário, será então destinado para a Polícia Civil para que ela possa realizar novos investimentos”, disse o delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda.
Segundo Arruda, o tráfico de drogas está em 5º lugar entre as práticas das organizações criminosas não só no Espírito Santo, como no Brasil e no mundo.
Elas atuam para dar aparência de legalidade ao negócio ilegal, atuando, muitas vezes, em extorsões, lavagem de dinheiro em postos de combustíveis, em lojas de automóveis, distribuidora de bebidas e de cigarros, de acordo com o delegado-geral.
Visando a recuperação desses valores das organizações criminosas, a Polícia Civil do Espírito Santo criou um núcleo específico.
Arruda explica que, “quando o delegado que faz a investigação da organização criminosa, a operação, quando ele faz esse arresto (pede o sequestro de bens), quando o juiz dá todos os arrestos, ali termina a função do delegado investigador”.
E acrescenta: “Então essa operação agora passa para um outro setor da Polícia Civil que chama-se Núcleo de Recuperação de Ativos. Então, agora eu vou ter delegados e policiais gerenciando e administrando todos esses bens. Então é esse núcleo que vai, por exemplo, leiloar 20 veículos”, explicou.
Ou seja, não é mais o delegado que iniciou e concluiu a operação que atua na recuperação de ativos. Agora, há outros que vão fazer isso. “Nós precisávamos ter essa divisão. Já estamos fazendo isso. Então agora, por exemplo, a nossa previsão de arrecadação do produto interno bruto criminoso é de R$ 500 mil a R$ 1 bilhão”.
Chefatura
O delegado-geral destacou que em três meses será inaugurada uma nova estrutura na Chefatura da Polícia Civil, que contará com um estande de tiro indoor, o mais avançado do País, sala de ginástica para os policiais civis, lanchonete e novo gabinete.
Além disso, Arruda afirmou que delegacias regionais e distritais passam por reformas conforme planejamento.
Reconhecimento facial ajuda prender 83 foragidos
“Mesmo em fase experimental, o sistema de reconhecimento facial que estamos implementando no Espírito Santo já ajudou a capturar 83 pessoas foragidas ou com mandado de prisão em aberto”, destacou o governador Renato Casagrande, em suas redes sociais, na última semana.
O governador afirmou ainda que esse “é o resultado de um trabalho sério e contínuo para modernizar a segurança pública capixaba, com investimentos em tecnologia e inteligência para tornar o Estado cada vez mais seguro.”
O secretário de Estado da Segurança, Leonardo Damasceno, reforça que o governo do Estado tem investido em tecnologia para aumentar os benefícios para a população, com redução dos indicadores.
“O que a Polícia Civil especificamente tem feito? A gente tem feito muitos investimentos na Polícia Civil em tecnologia. Hoje a investigação também não é mais analógica, ela é totalmente digital. Assim, quando o policial cumpre uma busca e apreensão, hoje é carregando dados armazenados em dispositivos eletrônicos”.
O secretário destacou os laboratórios da Polícia Civil capazes de analisar esses dados, com inteligência artificial.
“Temos várias contratações na Polícia Civil de equipamentos e programas de inteligência para análise de dados estruturados, não estruturados, bancários, financeiros, correlacionando uns com os outros. São vários equipamentos, com tecnologia internacional de ponta, de fabricantes israelenses, americanos, usados pelas polícias de ponta do mundo todo”.
Damasceno destacou o Centro de Inteligência e Análise Telemática (Ciat), novos laboratórios de DNA forense, de micro comparação balística e a recomposição do quadro de servidores.
“Na Polícia Civil, já entregamos algumas turmas. Tivemos de peritos, agora de delegados, entregamos uma turma, mais uma turma e temos um concurso que está em planejamento para ser executado, para contratar e trazer os policiais em serviço no ano que vem, que são os oficiais de investigação. Então, são muitos investimentos”.

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