20 anos após crime, rapper é absolvido da acusação de assassinato
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Foram 20 anos vivendo sob a acusação de um assassinato. A liberdade para músico, ator e produtor Samuelsom Teixeira, reconhecido como o rapper Kapella, veio no início do mês com a absolvição pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES).
O assassinato de Magno Flor Durans ocorreu em outubro de 2001. A vítima foi executada com 14 tiros de pistola, numa chácara do bairro Universal, em Viana (ES), após ser abordado por duas pessoas que efetuaram os disparos.
Kapella foi indiciado pela participação e autoria do crime. Por causa da acusação, ele teve a prisão preventiva decretada e ficou 27 dias na prisão. Na época, a polícia não encontrou provas do envolvimento do rapper no crime, mas ainda assim a Justiça decretou a prisão preventiva do artista com base em depoimento de corréus do caso.
O júri popular aconteceu no TJES, na 1ª Câmara Criminal, em junho de 2019, e Kapella foi absolvido por negativa de autoria. No entanto, o Ministério Público do Estado recorreu, pedindo a anulação do júri.
A apelação foi negada na última semana, pelo TJES. Na decisão, que foi dividida, os desembargadores entenderam que "as provas produzidas de fato não levam a manifesta e irrefutável participação dos apelados no crime, de forma que a versão defensiva não se mostrou completamente descabida".
"No Júri Popular, em 2019, o corréu foi condenado e preso. A pena foi de 8 anos. Antes, durante o inquérito policial, primeiramente, ele negou o crime. Depois, em um segundo depoimento, confessou e alegou a participação do Samuelso. Já na 1ª fase do Tribunal do Júri, ele negou a autoria por parte do Kappela. Ou seja, não existiu nenhuma prova que pudesse condenar o músico. Por isso, os jurados o absolveram. Para a condenação de qualquer pessoa é necessário haver o mínimo de lastro probatório, o que não ocorreu neste caso em concreto." - explicou o advogado de defesa Patrick Berriel.
Mesmo com as adversidades impostas pela indiciação, o rapper dividiu o palco com grandes artistas da cena musical, nacionais e internacionais. O Rappa, Racionais MCs, Benegão, Mr. Catra, Zé Cabalera, MV Bill, Flora Mattos e Nega Gizza, além do grupo de rap hardcore francês Assassin e o renomadíssimo Afrika Bambaataa, do Bronx, Nova Iorque, líder da banda Zulu Nation, reconhecido como o padrinho do Hip Hop e por ter inovado os paradigmas do electro, são alguns deles.
O rapper afirmou que essa decisão trouxe para a sensação de paz e tranquilidade para a vida dele.
"Com a confirmação de que sou inocente, eu me sino mais confiante para investir no meu trabalho. Até então, eu vivia diariamente a incerteza do meu futuro. Entrei em depressão. Muitos empresários pedem o documento de nada consta para a realização de novos projetos. Quando eles verificavam o meu nome, aparecia um processo judicial em andamento relacionado a minha pessoa. Eu poderia ter sido condenado injustamente, o que comprometeria todo o meu futuro e acabaria com a minha família", afirmou ele.
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