Plástica
Os atritos com Jair Bolsonaro e especialmente com seus apoiadores de extrema direita têm funcionado como banho de loja para o STF na relação com o Congresso, onde os parlamentares também têm sofrido com ataques agressivos.
Se em 2019 os ministros da corte foram alvos dos congressistas, que articularam três pedidos de CPI da Lava Toga, agora eles são vistos como último recurso na briga com grupos antidemocráticos. Senadores dizem que hoje não assinariam pedido de CPI.
Mudou
“Hoje é o mecanismo de preservação da democracia que temos funcionando. Mudou o contexto”, afirma o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Ele foi um dos idealizadores da CPI em 2019, quando dizia que o presidente do STF, Dias Toffoli, tentava intimidar parlamentares com o inquérito das fake news.
Crime
O senador Álvaro Dias (Podemos-PR) tem opinião semelhante. “Hoje, atacar o Supremo é dar força a grupos criminosos que tentam alvejar as instituições democráticas”, afirma.
Mistura
Para o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que entregou requerimentos para abrir a CPI em 2019, não é bem assim. “Não queremos atingir o STF. A ideia é investigar possíveis infrações dos magistrados. É CPI técnica.”
Me dê motivos
Major Olímpio (PSL-SP) concorda, mas diz que a CPI não tem futuro. “Pularam fora. Está morta. Os ataques ao STF são graves e desmobilizam os senadores. Tem também a turma Tim Maia, só esperando os motivos para ir embora”, afirma.
Uma mão
À época, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) era o principal adversário da CPI. Hoje, dizem os parlamentares, é Davi Alcolumbre (DEM-AP) que tenta agradar o STF, já que apresentará à Corte uma tese que poderá permitir sua recondução à presidência do Senado.
Veja bem
Ofensiva do centrão travou acordo feito entre Eduardo Pazuello (Saúde) com municípios e estados sobre a distribuição dos R$ 10 bilhões da MP 969, destinados ao combate do coronavírus.
Pirão
O acerto de ministro e secretários havia definido critérios técnicos, como população e capacidade assistencial instalada. O Centrão quer distribuição política. O tema foi tirado da pauta da Comissão Tripartite, na qual estão Pazuello e secretários, pouco antes de reunião na última quinta.
O telefone...
Em caderneta encontrada com Fabrício Queiroz, em dezembro de 2019, investigadores acharam papel que dizia “Aroldinho federal” e “Aroldinho pode chegar até o Queiroz caso seja preço (sic)”. Eles acreditam ser Aroldo Mendonça, agente da PF aposentado que é conhecido dos Bolsonaros.
... tocou novamente
Nas redes sociais, Aroldo se descreve da seguinte forma: filho, pai, trabalhou com o pai, entrou na PF e hoje está com Bolsonaro. Assim como o senador, é dono de franquia da loja de chocolates Kopenhagen.
Dividida
Aroldo afirma que não é amigo de Flávio, mas que fez campanha para ele e esteve com ele só em eventos políticos, em 2018, pois seria candidato a deputado pelo PSL — a exceção foi uma vez em que jogaram bola, diz.
De vista
O agente diz ter estado com Queiroz só três vezes, na mesma época. “Se não o via em liberdade, por que ajudaria com ele preso?”, argumenta.
Sobre a loja de chocolates, “pura coincidência”.
Eu que fiz
Em explicações ao Ministério da Justiça, o delegado da PF Erick Blatt chamou de absurda qualquer ilação de que tenha relações com a família Bolsonaro. Ele diz não ter havido ingerência de qualquer pessoa no inquérito eleitoral sobre Flávio Bolsonaro.
Contrário
Como mostrou o Painel, Blatt, na contramão das suspeitas do Ministério Público do Rio no caso da rachadinha, concluiu após duas diligências que a evolução patrimonial de Flávio era compatível com sua renda.
Drible
A Roquette Pinto, que administra a Cinemateca Brasileira, recorreu a Pelé para tentar jogar holofotes sobre a crise da instituição, que abriga raridades relacionadas à carreira do ex-jogador. Pediram a ele que escrevesse para o ministro André Mendonça (Justiça), que é santista, mas Pelé não quis se envolver.
Tiroteio
“Em poucos meses, Weintraub saiu do anonimato e provou duas coisas: 1) não entende nada de educação e 2) é ótimo de fuga.”
De Daniel Cara, professor da USP e membro da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, sobre o legado do ex-ministro no governo