Parlamentares de Pernambuco reagem à decisão do STF contra Bolsonaro
Aliados de Lula defendem a medida; já apoiadores do ex-presidente falam em perseguição política
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Parlamentares pernambucanos reagiram à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou prisão domiciliar para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A medida - divulgada nesta segunda-feira (5) após atos políticos no Brasil protagonizados por bolsonaristas -, gerou críticas por parte de apoiadores do ex-presidente e defesa por aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De um lado, bolsonaristas classificaram a decisão como “arbitrariedade” e “vingança política”; do outro, senadores da base do governo afirmaram que a medida é consequência do desrespeito sistemático ao Judiciário.
Críticas da oposição: “Moraes perdeu qualquer limite”
O deputado federal Coronel Meira (PL-PE) foi um dos primeiros a se manifestar. Em publicação nas redes sociais, ele afirmou que a decisão não tem base jurídica e representa uma perseguição ao ex-presidente:
“Moraes perdeu qualquer limite. Agora, ele manda prender Bolsonaro. Isso não é justiça — é vingança política disfarçada de legalidade. Enquanto criminosos são soltos, o homem que enfrentou o sistema é perseguido como inimigo. Moraes dobra a aposta... mas o povo também vai dobrar sua resistência. Não é só por Bolsonaro. É pelo Brasil!”
Já o deputado estadual Alberto Feitosa (PL) apontou que a medida ocorre em meio a denúncias contra o próprio Moraes. Para ele, o ministro tenta calar a oposição mesmo diante de manifestações em defesa de Bolsonaro:
“Mais um ato de arbitrariedade do ministro Alexandre de Moraes, que agora está sendo acusado de manipular informações para condenar pessoas do 8 de janeiro. Depois de milhões irem às ruas, parece que o ministro quer um enfrentamento com o Brasil. O propósito é calar a voz de um líder que, mesmo de casa, levou o povo às ruas. Eu quero fazer uma pergunta: o Supremo é uma instituição ou é só o ministro Alexandre de Moraes?”
Base do governo: “É consequência das próprias atitudes”
Do lado governista, a senadora Teresa Leitão (PT-PE) se posicionou a favor da decisão. Ela afirmou que o STF agiu após Bolsonaro usar perfis de aliados, inclusive dos próprios filhos, para atacar o Supremo.
Para ela, a decisão foi tomada após Bolsonaro ter usado as redes sociais de aliados, incluindo seus filhos parlamentares, para divulgar mensagens de ataque à instituição. A senadora ressaltou que as condutas de Bolsonaro demonstram ‘a necessidade e adequação de medidas mais gravosas de modo a evitar a contínua reiteração delitiva do réu’.”
"Recebi com muita confiança no processo judicial do qual ele é réu. Bolsonaro é acostumado a desrespeitar a justiça e a Constituição, desde os tempos de deputado quando fez apologia à tortura e naturalizou o estupro. Neste caso atual desafia constantemente as regras da justiça. Esse é mais um passo importante, rumo ao desfecho que ele merece", disse a senadora ao Tribuna Online PE.
O senador Humberto Costa (PT-PE) também se posicionou. Destacou que a reação do Supremo é reflexo de um comportamento sistemático de desobediência por parte do ex-presidente:
“Eu entendo que essa decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal, na verdade, é consequência das reiteradas decisões do ex-presidente Bolsonaro e de seus auxiliares, apoiadores, de afrontarem as decisões do Supremo, de desobedecerem as medidas cautelares que foram feitas, e eu acredito, inclusive, que é um gesto intencional da parte do ex-presidente e de seus colaboradores, de modo que eu acho que é apenas a consequência de uma postura deliberada de tentativa de desmoralização do Poder Judiciário do nosso país.”
Um país dividido
A decisão do STF acontece num contexto de forte polarização política. Enquanto aliados de Bolsonaro falam em "perseguição política", a base do governo afirma que a medida é consequência do descumprimento de decisões judiciais.
Nos bastidores do Planalto e do Congresso, a tensão entre os Poderes se acirra e pode ter novos desdobramentos nos próximos dias.
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A escolha do macacão
Anderson Ferreira, presidente estadual do PL, não havia se posicionado até o fechamento desta matéria. O PSB também não se pronunciou, nem no estado, nem nacionalmente. É a escolha do macacão, na qual políticos de cacife não querem mexer em vespeiros antes de saber se podem sobreviver aos ataques ou não. Na dúvida sobre ganhos ou perdas, o macacão gera movimentos mais lentos, porém mais seguros. Na política e na apicultura, o macacão é sempre muito usado.
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