Com gritos e blindagem, Câmara de Olinda arquiva impeachment da prefeita Mirella
A denúncia havia sido protocolada pelo advogado e ex-candidato à prefeitura, Antônio Campos, derrotado nas eleições municipais de 2024
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O plenário virou palco de tensão. Gritos, interrupções e ânimos exaltados marcaram a sessão desta quinta-feira (26), na Câmara Municipal de Olinda, que terminou com o arquivamento do pedido de impeachment da prefeita Mirella Almeida (PSD) e do vice-prefeito Chiquinho.
A decisão não surpreendeu — mas refletiu o alinhamento da maioria dos vereadores com o Executivo.
Dos 15 parlamentares presentes, 13 votaram contra a abertura do processo, assegurando o encerramento imediato da denúncia. Apenas dois vereadores, da ala de oposição, se manifestaram a favor da investigação. Outros dois parlamentares justificaram a ausência.
A denúncia havia sido protocolada pelo advogado e ex-candidato à prefeitura, Antônio Campos, derrotado nas eleições municipais de 2024.
No pedido, ele alegava descumprimento da Lei de Acesso à Informação e omissões na prestação de contas durante o período de transição entre gestões.
Votaram a favor do impeachment a vereadora Eugênia Lima (PT) e o vereador Sarmento (PL), dois parlamentares de campos totalmente opostos. Labanca (PV) e Denise Almeida (PSD) faltaram à sessão.
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“Hoje é um dia histórico, pela primeira vez pode ser apreciado um pedido de impeachment. Sabemos que essa lei da transição precisa ser respeitada. A mensagem do requerente é pertinente, porque eu sofro durante todo o dia por não ter informações do Poder Executivo”, disse o vereador Sarmento (PL), aliado do deputado federal Coronel Meira (PL), que votou a favor do afastamento da gestora.
“A gente quer um momento de explicação porque os pedidos de informação meus e de outros vereadores e do Ministério Público não sejam respondidos. Caso o processo prossiga, nosso mandato se compromete em fazer uma análise rigorosa baseadas em provas concretas antes de qualquer decisão sobre o mérito. A gente entende que para a nossa prefeitura é muito difícil falar do que encontrou pela gratidão a quem a antecedeu. Mas a gente quer transparência para que nosso trabalho possa transparecer”
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O líder do governo, Jesuíno Araújo (PSD), disse que o pedido de impeachment sequer coloca os pedidos de informação que foram solicitados à prefeitura. Ele explicou que não se sabe por qual e-mail chegou este pedido. Os outros 12 vereadores seguiram sua opinião.
“A partir do momento que dá entrada ao pedido no qual não se coloca os pedidos de informações que foram pedidos, cai sobre terra toda essa questão. A prefeitura não recebeu nenhum pedido de informação do requerente”, disse Jesuíno Araújo.
“A prefeita Mirella precisa continuar o trabalho dela, só são seis meses de trabalho”, afirmou, sendo vaiado pela plateia, que parecia estar alinhada aos opositores, que foram minoria.
“A gente tem que aprender a vencer as eleições nas ruas”, distacou Márcio Barbosa, 2º vice-presidente da Casa.
A oposição argumentava que a prefeita e seu vice não disponibilizaram dados públicos obrigatórios, o que, segundo o grupo, poderia configurar infração político-administrativa. Ainda assim, a maioria dos vereadores preferiu blindar a gestão, encerrando o assunto em menos de meia hora de votação.
Com a rejeição do processo, a base governista garantiu mais uma vitória em meio às críticas sobre transparência. E o embate entre governo e oposição, longe de resolvido, parece ter apenas começado.
Entraves na comunição
A maior parte dos vereadores que foi à tribuna falar sobre o impeachment, ate mesmo os aliados, criticou a ausência de diálogo com a prefeitura e deficiência de comunicação com a prefeita.
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