Vizinhas são acusadas de cárcere privado e de desvio de R$ 1 milhão de idosa
Mulher de 68 anos teria sido coagida a fazer até "doação" da própria residência onde morava para o filho de uma das acusadas
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Um caso de confiança e aparente solidariedade que acabou em acusação de cárcere privado e apropriação de bens. Dayse Maria Ferreira de Souza, de 63 anos, está respondendo a processo no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) por supostamente manter uma idosa de 68 anos em cárcere privado. O crime teria acontecido no bairro de Cajueiro, na Zona Norte do Recife, onde as duas mulheres eram vizinhas.
A filha de Dayse, Elaina Alexandra de Souza, de 35 anos, também aparece como ré na ação. As duas, mãe e filha, estão sendo acusadas de se aproveitarem do estado de fragilidade da idosa para se apropiar de bens e valores da vítima, num total de cerca de R$ 1 milhão, segundo a Justiça.
ISOLAMENTO
Para o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Dayse e Elaina atuavam como cuidadoras da idosa, mas na verdade a mantiveram isolada do restante da família e sem poder sair da própria residência por quase seis anos. Neste período, teriam se apropriado da casa da vítima, além de terem feito uma série de transações financeiras com a remuneração da idosa (que é pensionista como filha de militar). A vítima é viúva e não tem filhos.
Segundo a investigação apurou, a idosa que estaria sofrendo de depressão e saúde frágil, teria contratatado Dayse para ser sua cuidadora, de maneira informal, em janeiro de 2018. Dayse teria aceitado a situação e ainda levado a filha para morar junto à idosa. Ambas, mãe e filha, teriam então, através de ameaças, se apropriado de bens e valores da idosa, segundo consta no processo.
PROCURAÇÕES E DOAÇÃO
A promotoria relata ainda que as acusadas teriam forçado a vítima a assinar procurações em branco, com as quais fizeram empréstimos bancários e até foi coagida a transferir a propriedade de sua residência para o nome do neto de Dayse, como uma doação.
Segundo o MPPE, a vítima conseguiu telefonar para uma prima e denunciar a situação em novembro de 2024. Parentes da idosa foram então até o imóvel e, depois de muita insistência, tiveram acesso ao interior da casa, onde encontraram a idosa no quarto dos fundos e, segundo relatado no processo, em estado de debilidade física e emocional.
Em interrogatório, realizado na Polícia Civil, as acusadas negaram todo os supostos crimes e afirmaram que a casa foi doada ao filho de Elaina por vontade própria da idosa. A promotoria pede prisão das acusadas e pagamento de indenização a vítima. O processo segue em aberto na Justiça.
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