Suspeito de matar mulher a facadas em Paulista tem prisão convertida em preventiva

Audiência de Custódia decidiu pela prisão preventiva |  Foto: Reprodução da TV Tribuna PE/Band

Luiz Carlos Bezerra de Melo, de 41 anos, acusado de matar a facadas Sônia Cecília da Silva, de 61, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva.

Segundo informação apurada pelo Tribuna Online PE, ele foi encaminhado ao Cotel (Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna) ainda no domingo (25), após passar por audiência de custódia no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, no Recife.

O crime aconteceu na madrugada do último sábado (24), dentro da casa da vítima, no bairro de Jardim Paulista.

Sônia foi encontrada morta por vizinhos, que estranharam a porta do imóvel entreaberta e perceberam sinais de desordem no interior. Ao entrar, localizaram o corpo no banheiro, com uma faca cravada no pescoço.

Segundo a Polícia Civil, Sônia morava sozinha e costumava acolher amigos e conhecidos em sua casa.

A principal linha de investigação aponta que ela foi morta após uma discussão com Luiz Carlos, um amigo de infância, conhecido na vizinhança como “Carlinhos”.

Testemunhas relataram que os dois estavam bebendo juntos quando começaram a discutir.

Durante entrevista à TV Tribuna PE, na saída do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Luiz Carlos demonstrou confusão ao tentar explicar o crime.

Disse que estava “em cárcere privado” na casa da vítima, mas não conseguiu esclarecer por que, então, estava consumindo bebida alcoólica com ela. Também negou ter qualquer relação amorosa com Sônia.

— Namorava com ela? Não, não — respondeu, de forma desconexa, a jornalistas que estavam no local.

A Polícia Civil confirmou que a prisão foi feita pela Força-Tarefa de Homicídios da Região Metropolitana Norte.

Após o crime, Luiz Carlos fugiu, mas acabou detido pela Guarda Municipal de Goiana, na Mata Norte. Há duas versões sobre essa abordagem: uma aponta que ele se entregou, outra, que foi capturado pelos agentes.

Levado ao DHPP, no Recife, foi autuado em flagrante por feminicídio. A Justiça manteve a prisão, e agora ele ficará à disposição do Poder Judiciário enquanto as investigações continuam.

Crime é tratado como feminicídio

Sônia Cecília da Silva deixa duas filhas |  Foto: Divulgação nas redes sociais

Apesar de não haver relação amorosa entre vítima e autor, o caso é enquadrado como feminicídio.

Segundo a legislação brasileira (Lei 13.104/2015), esse tipo de crime não se restringe a relações conjugais, mas a qualquer assassinato de mulher motivado por condição de gênero, incluindo relações de amizade, parentesco ou convivência, especialmente em contexto de violência doméstica ou menosprezo à condição feminina.

Vítima era conhecida pela solidariedade

Sônia Cecília era natural de Panelas, no Agreste do Estado. Moradora antiga de Jardim Paulista, era conhecida pela alegria, simplicidade e por ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade.

Trabalhou por muitos anos como servente de pedreiro e recolhia latinhas para complementar a renda.

— Ela era uma mulher do bem, nunca fez mal a ninguém. Isso foi uma crueldade — lamentou uma vizinha, que preferiu não se identificar.

Sônia deixa duas filhas.

Pernambuco acumula alta nos casos de feminicídio

O crime contra Sônia engrossa a estatística crescente de feminicídios em Pernambuco.

Dados da Secretaria de Defesa Social (SDS) apontam que, entre janeiro e abril deste ano, 35 mulheres foram assassinadas no estado por questões de gênero. No mesmo período de 2024, foram 27 casos — um aumento de mais de 29%.

A maior parte dos crimes ocorre dentro de casa, praticados por pessoas conhecidas das vítimas, como companheiros, ex-companheiros, parentes ou amigos.

Relembre o caso: Mulher é assassinada dentro de casa em Paulista; suspeito foi preso em Goiana