Operação Rainha das Armas: venda de armas e drogas com aval de guardas municipais
O valor estimado de R$ 2 milhões em bens foi bloqueado, incluindo quatro imóveis em Tamandaré
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Em uma ação conduzida pela Polícia Civil de Pernambuco, um esquema intrincado de venda ilegal de armas de fogo, abastecendo facções criminosas no estado, foi desarticulado. A ação revelou uma organização que atuava especialmente no bairro do Barro, Zona Oeste do Recife, chefiada por uma mulher.
A Polícia Civil mostrou os detalhes da "Operação Rainha das Armas", nesta quarta-feira (25), em uma coletiva de imprensa na sede da Polícia Civil, na Boa Vista, área central do Recife.
O enredo envolve uma inusitada protagonista: a proprietária de um centro de bronzeamento artificial, chamada de "Rainha das Armas". A operação, deflagrada na última terça-feira (24), resultou na prisão de 21 pessoas, sendo 17 em Pernambuco e quatro em São Paulo. Os nomes não foram revelados pela Polícia.
Sob o manto da investigação, 15 mandados de prisão preventiva foram cumpridos, quatro em flagrante, e duas pessoas foram autuadas ao longo das apurações.
A líder da quadrilha, a "Rainha das Armas", dona do centro de bronzeamento, foi capturada junto com três guardas municipais da capital pernambucana e o marido, um homem com histórico no sistema carcerário. Apesar das suspeitas de envolvimento no esquema, nenhum policial militar foi detido até o momento.
A operação resultou na apreensão de 20 armas de fogo e centenas de milhares de munições, revelando a escala impactante do mercado ilegal de armas articulado pela quadrilha. O valor estimado de R$ 2 milhões em bens foi bloqueado, incluindo quatro imóveis em Tamandaré, no Litoral Sul do Estado, um veículo e relógios.
O delegado Álvaro Grako, da Delegacia de Roubos e Furtos (DPRF), um dos responsáveis pela investigação, destacou que mais de 52 mil munições foram apreendidas com apenas um dos investigados.
O esquema de venda ilegal de armas tinha uma base operacional sofisticada, utilizando "laranjas" para comprar armas legalmente e, posteriormente, revendê-las para facções criminosas, com a participação ativa de guardas municipais.
A trama se estendia para além do comércio ilegal de armas, envolvendo-se também no tráfico de drogas. O esquema se valia de traficantes "mulas" para transportar cocaína de São Paulo para Pernambuco, proporcionando-lhes passagens de avião na ida e de ônibus na volta, estrategicamente à noite, para evitar blitze nas estradas federais.
Segundo o delegado Grako, a organização fazia aquisição das armas de fogo pelo trâmite legal, usando nomes de terceiros.
"Esses terceiros davam o seu nome, seus documentos, para que eles pudessem fazer aquisição das armas de fogo. E aí, posteriormente, eles mesmos suprimiam a numeração da arma de fogo, para dificultar a identificação, e repassavam para grupos criminosos que atuavam aqui no Recife", declarou.
Questionado sobre como eles conseguiam as armas, o delegado explicou que o esquema também, além de outros laranjas, contava com a participação de três guardas municipais do Recife, que se valiam do posto para adquirir os equipamentos de maneira mais rápida.
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