Maior operação da Polícia Civil em 2025 prende 29 pessoas em Pernambuco
O esquema era comandado por um pernambucano de 35 anos, natural de Caruaru
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Eles operavam nas sombras, mas o rastro de dinheiro e violência falou mais alto. A Polícia Civil de Pernambuco desarticulou a maior organização criminosa do tráfico e lavagem de dinheiro com atuação no Agreste e conexões interestaduais. O grupo movimentou, segundo a investigação, quase R$ 300 milhões em dois anos.
Batizada de Operação Obscurus, a ofensiva mobilizou agentes em vários estados do país e cumpriu 33 mandados de prisão preventiva e 14 de busca e apreensão em municípios de Pernambuco, além de Natal (RN), Juazeiro (BA) e Campo Grande (MS).
Ao todo, 29 pessoas foram presas até o fechamento da operação, considerada a mais robusta da Polícia Civil em 2025.
A operação trouxe desdobramentos em diversos municípios pernambucanos como, Caruaru, São Caetano, Santa Cruz do Capibaribe, Garanhuns, Carpina, Lagoa do Carro, Recife, Jaboatão dos Guararapes, Paulista, Petrolina, Arcoverde, Itaquitinga, Vitória de Santo Antão, Tacaimbó, Natal/RN, Juazeiro/BA, Campo Grande/MS.
Líder precisou ser transferido para prisão federal
O esquema era comandado por um pernambucano de 35 anos, natural de Caruaru que coordenava o tráfico do Agreste mesmo estando em um presídio pernambucano, onde mantinha contato com cinco gerentes que mantinham a engrenagem criminosa funcionando.
O líder, classificado pela polícia como "um dos criminosos mais perigosos do Agreste pernambucano", ameaçava policiais e dominava áreas inteiras por meio da violência, especialmente com execuções de rivais e devedores.
“O nome da operação, Obscurus, reflete exatamente isso: uma organização que atuava nas sombras, com estrutura sofisticada para disfarçar seus lucros ilícitos e evitar o rastreio das autoridades. Eles usavam mecanismos avançados de lavagem de dinheiro, empresas de fachada e movimentações financeiras complexas”, explicou o delegado Eymard Coutinho, titular do Denarc de Caruaru.
O disparador da investigação foi uma prisão feita em junho de 2023, no bairro Alto do Moura, em Caruaru. A partir desse flagrante, a Polícia Civil aprofundou as apurações, com quebras de sigilos bancário e fiscal e apoio do Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (LAB/LD).
O líder do bando foi transferido no segundo semestre de 2023 para uma penitenciária federal em Campo Grande (MS), onde cumpre pena.
“A transferência dele realmente enfraqueceu a organização criminosa, e agora com essa operação, com bloqueio de valores e prisão dos principais gerentes, acredito eu que então vai fazer uma asfixia maior ainda contra essa organização”, destacou o delegado.
Um dos presos chegou a movimentar R$ 8 milhões
Só uma das contas analisadas recebeu mais de R$ 8,5 milhões em menos de dois anos. Outras movimentaram cifras entre R$ 4 e R$ 5 milhões cada, evidenciando o alto grau de profissionalização do grupo.
Durante a operação, além das prisões, foram apreendidas armas de grosso calibre, munições, drogas, anotações financeiras do tráfico e uma carta manuscrita pelo próprio líder da quadrilha, que trouxe informações fundamentais para desvendar toda a rede criminosa.
Expectativa da polícia é que operação reduza tráfico e homicídios no Agreste
O impacto, segundo a Polícia Civil, não é apenas financeiro. A expectativa é que a prisão dos chefes do tráfico no Agreste reduza diretamente os índices de homicídios na região, uma vez que o controle de territórios, dívidas e acertos do tráfico costumam ser responsáveis por boa parte das mortes violentas.
“O tráfico e os homicídios estão diretamente ligados. Essa organização controlava territórios por meio da violência. Além disso, algumas armas apreendidas podem estar relacionadas a crimes de homicídio em investigação, e já foram encaminhadas para perícia balística”, destacou o delegado.
A quadrilha, além de abastecer quase todo o Agreste pernambucano, também mantinha conexões na Bahia, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul, ampliando seu alcance e sua capacidade logística.
As investigações continuam para analisar o material apreendido e identificar outros envolvidos no esquema. O bloqueio de até R$ 296 milhões em ativos financeiros também foi determinado pela Justiça como parte da estratégia para sufocar economicamente o grupo.
Veja no JT1, apresentado por Artur Tigre, a matéria de Simone Santos. Basta clicar na imagem abaixo.
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