Grupo ligado à morte de ex-PM e de contadora em Boa Viagem é alvo de operação

Júnior Black havia sido expulso da Polícia Militar em 2021 e, dias antes de ser morto, era investigado por participação em um tiroteio no Sertão do Estado que deixou dois mortos |  Foto: Divulgação nas redes sociais/Arquivo

A Polícia Civil de Pernambuco deflagrou, na manhã desta terça-feira (13), a 23ª Operação de Repressão Qualificada do ano, batizada de Vendeta — que significa "vingança", em italiano. A ação tem como objetivo desarticular uma organização criminosa envolvida em homicídios e porte ilegal de arma de fogo.

Entre os alvos estão suspeitos de envolvimento na morte do ex-policial militar Heleno José do Nascimento Júnior, de 41 anos, conhecido como Júnior Black, assassinado em Boa Viagem no ano passado.

Uma contadora que caminhava na calçada, de 54 anos, também morreu na ação, vítima de bala perdida. Ambos foram mortos em julho do ano passado. (VEJA MEMÓRIA ABAIXO)

Coordenada pelo Grupo de Operações Especiais (GOE), sob comando do delegado Jorge Pinto, a ofensiva ocorreu em conjunto com as Polícias Civis da Paraíba e do Mato Grosso do Sul, além de outras forças de segurança. A investigação começou em julho de 2023.

MANDADOS DE BUSCA NO GRANDE RECIFE, NO INTERIOR E M CAMPO GRANDE (MS)

Foram cumpridos quatro mandados de prisão e nove de busca e apreensão em endereços localizados no Recife, Jaboatão dos Guararapes, Ipojuca, Caetés (em Pernambuco) e em Campo Grande (MS). Em um dos locais, os agentes apreenderam uma mala com armas e munições. Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital.

Júnior Black havia sido expulso da Polícia Militar em 2021 e, dias antes de ser morto, era investigado por participação em um tiroteio no Sertão do Estado que deixou dois mortos.

Segundo a Polícia Civil, a operação contou com o apoio da Diretoria de Inteligência da corporação (Dintel), da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco e da Corregedoria Geral da Secretaria de Segurança da Paraíba.

Participaram da ação 70 policiais civis, entre delegados, agentes e escrivães.

Memória - O dia em que Júnior Black foi executado e e a bala perdida levou a vida de uma mulher inocente

Era uma tarde comum em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, quando a rotina foi interrompida por uma sequência de disparos de fuzil.

O alvo era o ex-policial militar Heleno José do Nascimento Júnior, de 41 anos, conhecido como Júnior Black, executado dentro de uma picape Hilux, logo após entrar no veículo estacionado na esquina das ruas Dr. João Guilherme Pontes Sobrinho e Ernesto de Paula Santos, próximo ao restaurante Bode do Nô, ponto conhecido da capital pernambucana.

Dois homens encapuzados saíram de um carro branco e dispararam diversas vezes. Mas os tiros não atingiram apenas quem estava no centro do ataque.

Uma mulher de 54 anos, contadora, voltava do almoço, caminhando pela calçada, quando foi atingida por uma bala na orelha direita. Ela comia pipoca enquanto seguia em direção ao prédio empresarial onde trabalhava. Não resistiu.

Inicialmente identificada como economista por colegas, a informação foi corrigida no dia seguinte por familiares, durante a liberação do corpo no Instituto de Medicina Legal (IML). O nome da vítima não será divulgado a pedido da família, que, na época, optou por não conceder entrevistas.

O enterro da contadora aconteceu no Cemitério Memorial Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, na quinta-feira seguinte ao crime.

A execução do ex-PM e a morte de uma mulher inocente, atingida por bala perdida em plena luz do dia, escancararam mais uma vez os riscos do avanço da violência urbana e a necessidade de punição,

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