Filho de médico esquartejado em Aldeia vai a júri popular: saiba mais sobre o caso

Médico cardiologista (à esquerda) foi morto em 2018, a esposa (no meio) foi condenada e filho (à direita) enfrenta julgamento. |  Foto: Reprodução de redes sociais

O julgamento do engenheiro civil Danilo Paes Rodrigues, acusado de ser cúmplice no homicídio de seu próprio pai, o médico cardiologista Denirson Paes, começa nesta terça-feira (24) em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife. O crime aconteceu em 31 de maio de 2018 e chocou Pernambuco. Denirson tinha 54 anos quando morreu.

A família da vítima não acredita na inocência do filho mais velho e fez protesto, nesta segunda-feira (23), no Fórum de Camaragibe.

O corpo do cardiologista foi encontrado esquartejado no dia 4 de julho daquele ano, dentro de um poço em um condomínio de luxo em Aldeia, no quilômetro 13 de Aldeia, no município de Camaragibe, com partes carbonizadas.

A esposa, a farmacêutica Jussara Rodrigues, e o filho mais velho, Danilo Paes, foram indiciados pela Polícia Civil na época e presos.

Os vestígios mortais foram encontrados no interior da cacimba, que estava selada. O corpo carbonizado foi cuidadosamente encoberto por uma combinação de cloro líquido, pastilhas, areia, concreto e fragmentos de metal. A investigação apontou que o motivo do assassinato teria sido um pedido de divórcio.

Corpo foi encontrado num poço do imóvel, encoberto por uma combinação de cloro líquido, pastilhas, areia, concreto e fragmentos de metal |  Foto: Polícia Civil/Cortesia

Jussara Rodrigues, mãe de Danilo, foi condenada a 19 anos e oito meses de prisão em 2019 por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Ela cumpre pena em presídio feminino de Pernambuco e nega a participação do filho no assassinato, o que não é corroborado pela acusação.

Três ou quatro dias de julgamento

De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o julgamento de Danilo pode se estender até o dia 27 de outubro no Fórum de Camaragibe. Um laudo da reconstituição realizado na casa do cardiologista concluiu que Jussara não teria agido sozinha, sugerindo que ela contou com a ajuda de outra pessoa, alegadamente seu filho, Danilo Paes.

Na época do assassinato, após passar cinco meses em prisão preventiva, Danilo publicou vídeo no youtube negando ter participado do crime.

“Diante desse cenário, a polícia fez um trabalho irresponsável e sem credibilidade em relação à minha parte”, destacou ele, explicando que um dos motivos alegados pela polícia para acusá-lo foi o fato de ele não ter chorado.

“Peço justiça e peço que Deus me conforte. Não é fácil lidar com a morte de um pai e saber que a mãe fez isso… o problema era conjugal, eles não formavam mais um casal há muito tempo”, acrescentou. No seu quarto, a polícia encontrou vestígios de sangue.

Denúncia do Ministério Público

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por sua vez, ofereceu denúncia acusando Danilo de auxiliar sua mãe na prática de homicídio triplamente qualificado e ocultação do corpo da vítima. Os dois eram muito próximos.

O julgamento será composto por diversas etapas, incluindo a seleção de jurados, depoimentos de testemunhas de acusação e defesa, interrogatório do réu, debates entre as partes, e a decisão do conselho de sentença sobre a culpa ou inocência do acusado. A sentença será lida pela juíza Marília Falcone Gomes Lócio ao final do processo.

Veja etapas do julgamento informadas pelo TJPE:

Seleção de jurados:

1. A sessão do júri começará com a seleção de sete jurados, escolhidos entre os 25 voluntários convocados.

Depoimentos de testemunhas:

1. Após a escolha dos jurados, seguirá com o depoimento de cinco testemunhas de acusação, indicadas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
2. Serão ouvidas também as declarações de cinco testemunhas de defesa, designadas pelos advogados do réu.

Interrogatório do réu:

1. O réu, Danilo Paes, será interrogado em plenário.

Fase de Debates:

1. O MPPE terá 1 hora e 30 minutos para expor sua tese.
2. A Defesa terá o mesmo período para apresentar sua argumentação.
3. Réplica e Tréplica: caso haja réplica por parte do Ministério Público e tréplica da Defesa, ambas as partes terão mais 1 hora para seus argumentos no plenário.

Deliberação do Conselho de Sentença:

1. Após a fase de debate, a magistrada se reunirá com o conselho de sentença, composto pelos sete jurados, em uma sala reservada, para deliberar sobre a culpa ou inocência do réu em relação às acusações.

Leitura da Sentença:

1. Finalmente, a juíza retornará ao plenário para ler a sentença resultante da deliberação do conselho de sentença.