Falso major preso em condomínio de luxo no Paiva tinha fortuna de R$ 10 milhões
Suspeito liderava esquema de agiotagem e extorsão há mais de 20 anos no Litoral Sul

Um falso major, conhecido como Charles Williams Carneiro da Cunha Silva, foi preso durante uma operação da Polícia Civil de Pernambuco em um condomínio de luxo, no Paiva, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife. A polícia acredita que “o major”, como era conhecido, tem um patrimônio avaliado em cerca de R$ 10 milhões.
Ele é suspeito de ser o líder de um grupo criminoso que agia há mais de 20 anos no Litoral Sul do Estado, nas cidades de Ipojuca, Cabo, Sirinhaém e Escada.
O falso major - acusado de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro - levava uma vida de luxo. “Ele foi preso num condomínio na Praia do Paiva, num apartamento orçado entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão”, disse o delegado Ney Luiz Rodrigues, titular da Delegacia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.
“Ele se apresentava como policial. Na casa dele a gente encontrou uma camisa da polícia penal, foram encontrados também dois simulacros de armas de fogo, na casa do outro investigado a gente já aprendeu uma pistola 9mm”, afirmou o delegado.
Grupo já teria feito mais de 100 vítimas

A Polícia Civil estima que o grupo fez mais de 100 vítimas e vê indícios de participação de policiais militares no esquema, responsáveis por fazer cobranças. “A investigação está no início. Mas a gente acredita que tem a participação de policiais militares que também integravam o grupo e eram responsáveis por cobrar essas dívidas, então, as vítimas têm bastante medo de procurar a delegacia”.
No último 2 de setembro, a polícia também prendeu sua ex-companheira, Syntia Roberta da Cruz, investigada por uma tentativa de homicídio, e Williams César Ribeiro, apontado como responsável pelas cobranças e já preso por porte ilegal de arma de fogo. As capturas ocorreram em Ipojuca, no Litoral Sul.
Carros de luxo, relógios, arma e dinheiro vivo apreendidos
Durante a ação, os agentes recolheram aproximadamente R$ 50 mil em espécie, uma pistola calibre 9 mm, dois simulacros de arma, uma camisa da Polícia Penal, além de veículos de alto valor, como uma Hilux 2025, um Jeep e vários relógios de luxo. Também foram encontrados bens pertencentes a vítimas do grupo.
A Justiça determinou ainda o bloqueio de R$ 300 mil em contas ligadas aos suspeitos e autorizou a divulgação dos nomes e rostos dos suspeitos para que outras vítimas possam prestar queixas.
Segundo as investigações, a prática criminosa seguia um padrão. Os acusados ofereciam empréstimos a juros aparentemente baixos, mas, diante da dificuldade de pagamento, inflavam os valores e se apoderavam dos bens dos devedores — desde automóveis e imóveis até estabelecimentos comerciais.
Entre as ocorrências apuradas, está a de uma idosa de 70 anos, cuja filha contraiu uma dívida inicial de R$ 6 mil. Com os acréscimos abusivos, o débito chegou a R$ 50 mil. Como consequência, a família perdeu uma casa avaliada em cerca de R$ 400 mil. Segundo Ney Luiz, já apareceram mais 5 vítimas durante a divulgação do caso.
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