Rigidez abdominal levou à descoberta do Parkinson: a história de Maria Fátima
No Dia Mundial do Parkinson, paciente relata como um sintoma incomum a levou ao diagnóstico e à luta diária contra a doença
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Uma rigidez incomum no abdômen levou Maria Fátima Visnevski, aos 48 anos, a buscar ajuda médica. O que parecia um desconforto isolado revelou-se um diagnóstico marcante: Doença de Parkinson — condição que afeta mais de 200 mil pessoas no Brasil. Desde então, ela enfrenta os desafios da doença, que há 30 anos faz parte de sua rotina.
Gerente médica da Clínica Florence Unidade Recife, Michele Bautista lembra que o Parkinson é uma condição neurodegenerativa progressiva, que compromete a função motora do paciente, provocando tremores de mãos, rigidez no movimento do corpo, lentificação e rigidez nas articulações, como o vivenciado por Maria Fátima. “Os sintomas incluem também manifestações não motoras, como alterações do sono, do humor e da cognição”, diz a médica neste 11 de abril, Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson.
Desse modo, o Parkinson é uma doença que afeta o dia a dia do paciente. À medida em que avança, a enfermidade impacta na cognição e na capacidade da realização de atividades comuns do cotidiano, como na locomoção, no ato de escrever, escovar os dentes ou se arrumar.
OS IMPACTOS DA REABILITAÇÃO
A reabilitação para pacientes com Parkinson é multidisciplinar. A fisioterapia trabalha a parte motora; a terapia ocupacional ajuda ao paciente adequar sua rotina diante das dificuldades; a fonoaudiologia auxilia na capacidade de deglutição e na fala; a nutrição contribui com a dieta nutricional; a equipe de enfermagem realiza os cuidados diários; a assistência social e a psicologia cuidam da saúde mental do paciente e da família e os médicos atuam na área clínica e medicamentosa.
“Um ponto muito importante é que a reabilitação não é apenas física, mas sim funcional e integrada, promovendo qualidade de vida, autoestima e capacidade para realizar as atividades”, explica a médica. Ela complementa ainda que o trabalho com pacientes de Parkinson é ativo na redução da imobilidade, ajuste de medicação, prevenção de complicações, orientação a familiares e criação de um plano individualizado para a continuidade do tratamento fora do ambiente hospitalar.
Natália Visnevski, filha de Maria Fátima, lembra que sua mãe enfrentou problemas com a administração dos medicamentos, depressão e chegou a ficar sem andar antes de procurar a Clínica Florence para o tratamento de reabilitação.
“Minha mãe entrou na clínica sem falar, andar e comer. Com todo o tratamento recebido e as terapias ocupacionais, fisioterapia e fonoaudiologia, ela já está recebendo alta após 30 dias de internamento, já se alimentando, lúcida e se movimentando com menos rigidez”, comemora.
Para ela, o momento que mais lhe marcou nesse processo de reabilitação da mãe foi o avanço com a fonoaudiologia, pois ela chegou a acreditar que a mãe poderia não voltar mais a comer ou beber água. “Vendo os resultados do tratamento, tenho a certeza de que foi uma aposta muito feliz”, diz.
ABORDAGEM INDIVIDUALIZADA
Michele Bautista reforça que o tratamento de reabilitação necessita de uma abordagem individualizada e deve ser iniciada desde o diagnóstico da doença. A duração da internação depende da gravidade do caso.
“A doença de Parkinson exige um tratamento customizado e rediscutido periodicamente para entendimento de resultados e prognósticos. A abordagem individualizada é a pedra angular de qualquer manejo terapêutico e deve fazer sentido ao paciente com seu contexto clínico e psicossocial”, informa a médica.
É importante que os familiares façam parte desse tratamento e sua capacitação é fundamental para a reprodução de algumas atividades indicadas pela equipe multidisciplinar, como exercícios de mobilidade e força pela fisioterapia, estímulos cognitivos e exercícios de linguagem.
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