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Cidades

Projeto que institui Dia Municipal do Enfrentamento ao Transfeminicídio é aprovado

Pernambuco foi o estado que mais matou a população trans em 2022


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Imagem ilustrativa da imagem Projeto que institui Dia Municipal do Enfrentamento ao Transfeminicídio é aprovado
A proposta para criar a Lei Roberta Nascimento é de autoria da vereadora Liana Cirne (PT). |  Foto: Divulgação

A Câmara de Vereadores do Recife aprovou, nesta segunda-feira (09), em primeira discussão, o Projeto de Lei que institui o Dia Municipal de Enfrentamento ao Transfeminicídio. A matéria foi apreciada por 16 votos a favor, seis contrários, uma abstenção e três faltas justificadas (o presidente da Casa não votou).

Doze vereadores não se expressaram de forma alguma. A proposta é de autoria da vereadora Liana Cirne (PT). A Câmara do Recife é composta por 38 vereadores.

"A Lei é importante para combater qualquer tipo de violência contra as mulheres trans e a comunidade LGBTI+ no Recife. O dia 24 de junho será um dia de luta, de conscientização, respeito e contra o preconceito. É fundamental a construção de mais políticas públicas e a efetiva punição dos agressores”, afirmou Liana.

O projeto de Lei nº 181/2022 visa marcar o dia 24 de junho como o Dia Municipal de Enfrentamento ao Transfeminicídio. Nomeada Lei Roberta Nascimento, a matéria faz uma homenagem à mulher trans morta após ser queimada viva no Centro do Recife no dia 21 de junho de 2021. 

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Roberta Nascimento foi queimada com álcool. Sofreu muito antes de falecer. Perdeu um dos braços e, depois, o outro. Ela teve 40% do corpo comprometido e não resistiu. |  Foto: Reprodução da internet

Roberta foi queimada em rua pública, perto do Cais de Santa Rita, enquanto dormia. "Dizemos não ao transfeminicídio e a discriminação", acrescentou Liana.

Apesar da baixa participação dos vereadores, o projeto ainda terá uma segunda discussão para seguir para sanção do prefeito João Campos (PSB), que tem 60 dias para sancionar ou não o projeto que se chamará Lei Roberta Nascimento.

Segundo o presidente da Comissão da Diversidade Sexual da OAB-PE, Sérgio Pessoa, também conselheiro da seccional, a lei será importante porque estabelece um dia de reflexão para a sociedade aprender e refletir melhor sobre esse tipo de violência: o transfeminicídio.

De acordo com Sérgio Pessoa, a população trans feminina está 38 vezes mais sujeita à violência, como tiros, esganaduras, facadas entre outras. Essa é a população mais expulsa de casa e, por falta de recursos e expectativas, precisa trabalhar nas ruas.

“A expectativa de vida da pessoa trans feminina é de 35 anos. Esse é um assunto que a gente vai ter que trazer ainda muita conversa, muita reflexão, muita discussão. Essa data vai trazer esse momento para a sociedade”, disse Sérgio.

Violência contra a população trans
Em números absolutos, Pernambuco foi o estado que mais matou a população trans em 2022, com 13 assassinatos, saindo da 5ª posição para assumir o primeiro lugar; Seguido de São Paulo que caiu da 1ª para a 2ª posição e do Ceará que saiu de 4º para 3º em 2022, com 11 casos cada.

Os dados são do Dossiê de Assassinatos e Violências Contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2022. O documento foi produzido pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais. A maior concentração dos assassinatos voltou a ser observada na Região Nordeste com 52 assassinatos (40,5% dos casos);

A crueldade
Entre os homicídios relatados em 2022, de acordo com o Dossiê, 11 notícias (9%) não continham informações sobre o método ou instrumento utilizado para cometer o crime.

Dos 120 casos restantes, a distribuição foi a seguinte: 41% envolveram o uso de armas de fogo, 24% utilizaram armas brancas, 16% incluíram métodos como espancamento, apedrejamento, asfixia e/ou estrangulamento, e 10% foram perpetrados por meio de outros métodos, como golpes com paus, degolamentos e incineração dos corpos.

Além disso, foram registrados 24 casos de execuções diretas com um grande número de tiros ou à queima-roupa. É importante destacar que, em comparação com os anos anteriores, houve um aumento significativo nas execuções desse tipo em 2022, com 9 casos em 2019, 29 em 2020 e 25 em 2021.


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