Entenda como o sedentarismo impacta na reabilitação de doenças
A falta de exercícios pode provocar, dentre outras coisas, um retardo na recuperação muscular e da funcionalidade física
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O Brasil é o país com maior índice de sedentarismo da América Latina, com 84% de jovens sedentários e 47% de adultos inativos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para pacientes em reabilitação e cuidados paliativos, essa falta de atividade pode comprometer a recuperação.
Fisioterapeuta e coordenador de Fisioterapia da Clínica Florence Unidade Recife, Francimar Ferrari lembra que o sedentarismo é um fator de risco para qualquer indivíduo e pode agravar condições clínicas. “O paciente com histórico de comportamento sedentário vai apresentar, em geral, baixa reserva osteoneuromuscular, cardiorrespiratória e um maior prejuízo na função imunológica”, explica o profissional.
O fisioterapeuta reforça ainda que o sedentarismo está naturalmente associado a diversos riscos de saúde, como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. Pacientes com mais comorbidades e maior fragilidade tendem a apresentar maior fadiga e menor engajamento ao programa de reabilitação.
Pacientes em reabilitação ou cuidados paliativos são especialmente vulneráveis aos impactos do sedentarismo, que pode retardar a recuperação muscular, comprometer a funcionalidade física e agravar a sarcopenia e a fraqueza generalizada. Outros malefícios para esses pacientes são: agravamento da imobilidade, intensificação da dor muscular e articular e desenvolvimento da obesidade.
Benefícios significativos
A prática de exercícios físicos oferece inúmeros benefícios para pessoas de todas as idades. No caso de pacientes em reabilitação, destacam-se a preservação da autonomia funcional, a prevenção de complicações decorrentes da imobilidade e a redução do risco de doenças cardiovasculares e crônicas.
O fisioterapeuta da Clínica Florence reforça ainda que é possível reverter parcialmente os efeitos do sedentarismo nos pacientes em diversos estágios de reabilitação por meio de uma abordagem estruturada e individualizada.
“É fundamental que esses pacientes sejam incentivados a realizar atividades físicas adequadas a sua condição, sempre sob supervisão de profissionais de saúde, como fisioterapeutas. Exercícios funcionais podem melhorar a saúde clínico-funcional, qualidade de vida e reduzir o risco de maiores complicações, além de provocar uma recuperação mais célere e efetiva”, complementa.
Para os pacientes em reabilitação, um programa progressivo e diversificado de exercícios promove avanços graduais na carga e na complexidade das atividades, respeitando as limitações do indivíduo. Esse programa deve contemplar ainda um monitoramento constante para garantir que os objetivos sejam realistas e alcançáveis e possibilitem autonomia e qualidade de vida.
Apoio da família
Conforme Francimar Ferrari, a família tem o importante papel de estimular o paciente a participar das atividades cotidianas, além de encorajá-los na adesão das terapias físicas e na realização de tarefas simples, como se levantar para as refeições e tomar banho, celebrando, sempre que possível, as pequenas conquistas.
Para isso, os familiares podem ajudar no planejamento de atividades físicas que façam sentido para o paciente, possibilitando tarefas mais lúdicas e atividades estruturadas com sua rotina ocupacional. O fisioterapeuta ressalta a importância de eliminar as barreiras físicas para facilitar a mobilidade e, em alguns casos, o uso de dispositivos físicos nessas atividades, como cadeira de rodas ou andador.
“Manter o paciente ativo requer paciência, criatividade e parceria com o time de reabilitação. O objetivo não é a intensidade, mas a constância e a integração dos movimentos à rotina e, assim, pequenos gestos, como tarefas domésticas ou caminhar até a janela, já contribuem para reduzir o sedentarismo e melhorar a independência funcional e qualidade de vida do paciente”, finaliza o especialista.
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