"Parem de nos matar", pedem manifestantes em supermercado em Vila Velha
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Dezenas de pessoas protestaram em Vila Velha, na tarde deste sábado (21), pela morte de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, um homem negro dentro de um supermercado da rede Carrefour, no Rio Grande do Sul. Com cartazes e gritando palavras de ordem com os dizeres "Parem de nos matar", o protesto foi realizado dentro de um shopping canela-verde, onde há um supermercado Carrefour.
Durante o protesto, o atendimento no supermercado chegou a ser suspenso, por volta das 13h30, e as portas foram fechadas. Os manifestantes, no entanto, conseguiram entrar no local e gritaram palavras de ordem pelos corredores e em frente ao açougue. Uma das placas dizia "A carne mais barata do Carrefour é a carne negra".
Do lado de fora do supermercado, os manifestantes fizeram um ato no corredor do primeiro piso do shopping, com a mensagem que "a cada 23 minutos, uma pessoa negra é morta". Depois eles deitaram no chão, simbolizando uma chacina.
Agentes da Polícia Militar acompanharam o protesto pacífico, sem registro de intercorrências com os manifestantes. Algumas lojas optaram por fechar as portas.

Em nota, o Shopping Vila Velha informou que "não compactua e repudia qualquer forma de discriminação e violência, estando sempre atento a possíveis eventos em suas dependências de forma a fazer a sua parte para manter a segurança, dentro de uma conduta de paz e respeito. A equipe de seguranças e a Polícia Militar acompanharam o protesto, respeitando o direito dos manifestantes".
Outros casos
O caso brutal na unidade gaúcha é o mais recente de uma sequência de relatos sobre discriminação, descaso e violência sob diferentes aspectos no Brasil, com alguns casos obtendo grande repercussão.
Em 2009, um vigia e técnico em eletrônica, também negro, foi agredido por seguranças de uma unidade em Osasco (SP), acusado de tentar roubar o próprio carro no estacionamento da loja.
Em dezembro de 2018, também em Osasco, um cão foi envenenado e espancado por um segurança da rede, causando enorme comoção na comunidade.

No caso mais recente, um promotor de vendas terceirizado da rede morreu enquanto trabalhava em uma unidade do grupo, em Recife, em agosto deste ano. O corpo foi coberto com guarda-sóis e cercado por caixas enquanto a loja seguiu em funcionamento. O IML (Instituto Médico Legal) só fez a remoção após quatro horas.
Ainda assim, a rede segue como destaque em alguns indicadores que são utilizados como atestado de boas práticas corporativas em questões sociais e ambientais.


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