Ratos viram opção para matar a fome durante a pandemia
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Os ratos se tornaram ingrediente essencial na alimentação da população mais pobre do Malauí, ameaçada pela fome.
Tradicionalmente consumidos como lanche, foram transformados pela pandemia da Covid-19 em prato de sobrevivência.
No sul da África, o Malauí é considerado um dos países mais pobres do planeta. Mais da metade dos 18 milhões de habitantes sobrevive abaixo da linha de pobreza. Balanço da universidade americana Johns Hopkins mostra que há mais de 5.400 casos e 175 mortos pela da Covid-19 no país.
Uma federação industrial local registrou a perda de 1.500 empregos por dia, em média, e calculou que o número acumulado pode alcançar 680 mil até o fim do ano.
Havia planos para um programa de subsídios ao consumo, mas uma eleição trocou o governo. O novo presidente, Lazarus Chakwera, ainda trabalha para recuperar a economia. A crise de saúde e econômica aumentou a insegurança alimentar de vários malauianos, obrigados a adotarem medidas alternativas para saciar a fome.
Autoridades de saúde recomendaram há alguns meses o consumo de rato, uma alternativa à carne, que se tornou inacessível. "É uma fonte valiosa de proteínas", alega Sylvester Kathumba, nutricionista chefe do Ministério da Saúde.
Como a epidemia afeta em especial "pessoas com baixa imunidade, recomendamos uma dieta rica", explica o diretor de alimentação da secretaria de Saúde do distrito de Balaka, Francis Nthalika.
Espetinhos
Assados no espeto e salgados, os ratos são tradicionalmente consumidos entre as refeições em localidades do centro do país.
Bernard Simeon, um agricultor, é um dos que passaram a vender os ratos em espetos na beira da estrada. "Caçamos os ratos para viver. Nós usamos como complemento da dieta diária e vendemos aos viajantes para complementar a renda".
A variedade mais popular na região é cinza, de cauda curta, e conhecida pelo nome "kapuku".
O interesse renovado nos roedores provoca preocupação entre os defensores do meio ambiente, devido aos métodos utilizados na caça. Para retirar os ratos de suas tocas, os caçadores costumam queimar a mata.
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