EUA revogam vistos de brasileiros ligados ao programa Mais Médicos
Gestão Trump afirmou que revogou os vistos de Mozart Júlio Tabosa Sales e Alberto Kleiman
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O Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira (13) que revogará vistos de autoridades brasileiras e ex-funcionários da Opas (Organização Pan Americana de Saúde) que tenham atuado na contratação de médicos cubanos no programa Mais Médicos.
A gestão Trump afirmou que revogou os vistos de Mozart Júlio Tabosa Sales e Alberto Kleiman. O Departamento de Estado justificou a medida porque ambos "trabalharam no Ministério da Saúde do Brasil durante o programa Mais Médicos e desempenharam um papel no planejamento e na implementação do programa".
Mozart é atualmente secretário de Atenção Especializada à Saúde e muito próximo do ministro Alexandre Padilha (Saúde). Já Kleiman é coordenador-geral para COP30 da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), organização intergovernamental da qual fazem parte os governos de países que têm floresta amazônica em seus territórios.
O Mais Médicos foi implementado em 2013, durante o governo Dilma Rousseff. À época, Padilha também era ministro da Saúde e os afetados nesta quarta pela decisão dos EUA trabalhavam com ele.
O Departamento de Estado não elencou nem Dilma nem Padilha como afetados pela revogação do visto.
O secretário do Departamento de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que a medida "para revogar vistos e impor restrições de visto a vários funcionários do governo brasileiro e ex-funcionários da OPAS cúmplices no esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano".
"O programa Mais Médicos foi uma fraude diplomática inconcebível de 'missões médicas' estrangeiras", afirmou Rubio.
"Nossas medida envia uma mensagem inequívoca de que os Estados Unidos promovem a responsabilização daqueles que possibilitam o esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano", afirma depois o Departamento de Estado em declaração.
O órgão afirma que essas autoridades usaram a Opas como "intermediária com a ditadura cubana". Dezenas de médicos cubanos que atuaram no programa relataram terem sido explorados pelo regime cubano como parte desse programa", diz o órgão americano.
O Mais Médicos foi criado com a intenção de levar assistência médica a áreas afastadas e cidades do interior. Para isso, fez um acordo com a Opas para garantir a contratação de médicos cubanos, que atuaram no programa até 2018.
Hoje, o programa segue em vigor, mas sem a participação dos cubanos.
O Departamento de Estado também anunciou a restrição de vistos para autoridades dos governos de Cuba, de países africanos e de Granada "sua cumplicidade no esquema" das missões médicas cubanas, informou nesta quarta-feira (13) o Departamento de Estado.
Apesar de não envolver o ex-presidente Jair Bolsonaro, o fato de os EUA terem mirado o Brasil pela passada de contratação de médicos de Cuba, é uma sinalização de que o governo americano pode estar disposto a punir também integrantes do governo federal.
Desde julho, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, passou a aplicar sanções ao Brasil e ao ministro Alexandre de Moraes, esta é a primeira vez que uma autoridade do Executivo é atingida.
Até agora, os EUA revogaram vistos de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) para entrar no país, aplicaram uma sanção financeira com base na Lei Magnistky ao ministro Alexandre de Moraes, e aplicaram tarifas de 50% sobre os produtos importados brasileiros.
Essas medidas foram tomadas sob a justificativa de que Moraes têm censurado empresas e cidadãos residentes e com cidadania americana e promovido uma "caça às bruxas" ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
As punições foram aplicadas depois de atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do ex-apresentador da Jovem Pan Paulo Figueiredo desde a posse de Trump por sanções a Moraes. O discurso levado aos integrantes do governo americano é que o magistrado do Supremo cometeu abusos de direitos humanos e censurou empresas de redes sociais e cidadãos americanos.
Essa avaliação foi acatada pela gestão dos EUA e já foi manifestada em declarações do presidente Donald Trump e de diversas autoridades de primeiro escalão do governo.
Nesta semana, por exemplo, o Departamento de Estado fez novas críticas ao governo brasileiro e à atuação de Moraes.
O órgão afirmou que o governo reprimiu "o debate democrático" e restringiu a expressão de simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto as cortes tomaram decisões que minam a liberdade de expressão.
Relatório anual enviado ao Congresso americano também diz que a situação dos direitos humanos se "deteriorou" em 2024 no Brasil.
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