Encontro de sherpas do Brics no Rio começa com foco em inteligência artificial, saúde e clima
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Começou nesta segunda-feira, 30, o encontro de sherpas (representantes dos líderes nacionais) do Brics no Rio de Janeiro. Os negociadores buscarão construir uma declaração sobre inteligência artificial, clima e saúde, a ser acordada pelos líderes na Cúpula do Brics no Rio, nos dias 6 e 7. A previsão é de que os trabalhos dos sherpas, que se desenrolam num hotel na zona sul do Rio, sejam encerrados na sexta, 4, mas é possível que se estendam até a madrugada de sábado, 5, disse uma fonte próxima aos negociadores.
O Brics é formado por 11 países membros: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. O sherpa do Brasil no Brics e coordenador dos trabalhos é o embaixador Maurício Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores.
Além dos membros plenos, podem participar das reuniões ministeriais - sem negociar e votar - os países parceiros do Brics: Belarus, Bolívia, Casaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Usbequistão.
Temas da Cúpula
Em relação à Inteligência Artificial (IA), a ideia é garantir que o Sul Global tenha voz no debate sobre o tema, que vem sendo liderado por EUA, União Europeia e China, que também é integrante do Brics. A expectativa dos negociadores é criar uma governança global para que a tecnologia seja usada de maneira ética, e a fim de resolver problemas globais como a pobreza, déficits educacionais, mudança do clima e doenças. Uma fonte próxima às negociações afirmou que o reconhecimento facial será um dos temas da reunião dos sherpas.
Na última semana, os ministros de Ciência, Tecnologia e Inovação do grupo assinaram uma declaração que reforça a importância de ampliar o acesso e o domínio de tecnologias e inovações pelo Sul Global.
No campo da saúde, o principal tópico é a garantia de ampla vacinação, especialmente para eliminar as chamadas "doenças socialmente determinadas", cuja disseminação está relacionada a fatores como fome, pobreza e acesso precário à moradia.
Neste mês, os ministros da Saúde do Brics aprovaram uma declaração final voltada a recomendar a criação de uma parceria para eliminar doenças socialmente determinadas. A declaração prevê também a ampliação de cooperação para vacinas que catalise as ações dos países do Sul Global.
Em relação ao ambiente, o foco é na mudança do clima. No fim do mês passado, representantes de alto nível do Brics assinaram um compromisso abordando caminhos para concretizar ações contra a mudança do clima no Sul Global.
"Pela primeira vez, vai ter um documento que orienta uma ação comum e coletiva do Brics na área de financiamento climático envolvendo, por exemplo, reformas de bancos multilaterais, um maior financiamento concessional, mobilização também de capital privado e outras questões regulatórias também para assegurar que os fluxos possam fluir para os países em desenvolvimento", disse em nota a embaixadora Tatiana Rosito, secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda.
Os sherpas dos membros do Brics já se reuniram em fevereiro, em Brasília, e em abril, no Rio. No primeiro encontro, foram aprovados temas centrais propostos pelo Brasil , como a revisão da Parceria Estratégica na Área Econômica, plano de cinco anos que passa por renovação sob a liderança brasileira.
No segundo encontro, o destaque foi o consenso de que o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês) deve ser o principal agente de financiamento da industrialização do Sul Global.
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