Jovens capixabas buscam o sucesso no futebol brasileiro
Capixabas de 14 e 15 anos fazem parte das categorias de base de grandes clubes do Brasil e querem se tornar profissionais
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No coração de jovens capixabas, o sonho de se tornarem jogadores profissionais de futebol e orgulharem as suas famílias pulsa com intensidade. Entre treinos diários, mudanças de estado e a adaptação a grandes clubes como Flamengo, Ceará e Atlético/MG, Felipe, Guilherme, Davi e Danilo enfrentam desafios físicos, emocionais e sociais desde cedo.
Felipe Salles, de 14 anos, está a caminho do Galo. Originário da base do Porto Vitória, o zagueiro se apresenta ao Galo no início de fevereiro para a sua trajetória em Minas Gerais.
“No ano passado, eu realizei uma partida contra o Galo pela Seleção do Espírito Santo, me destaquei e fui chamado. Fico muito feliz com a oportunidade. Sempre foi um sonho jogar em um grande clube. Quero virar um bom jogador e dar orgulho à família”, disse Felipe, que tem como principal inspiração na posição o espanhol Sérgio Ramos.
Davi Monteiro, 15, está nas categorias de base do Ceará há três anos e conta sobre a adaptação ao clube. “Foi difícil por causa do sol e do clima quente, mas está sendo uma experiência muito boa. O Ceará é gigante. O maior do Nordeste”, falou o jovem lateral-direito, que se inspira em Alexander Arnold, do Liverpool.
O atacante Danilo Sepulchro, apelidado de “Mancha”, também tem 15 anos joga ao lado de Davi na categoria sub-17 do Ceará. Ele abordou sobre os dias de trabalho na equipe nordestina.
“Lá eles são bem observadores. Sempre falam o que você tem que melhorar e no que você está bem. Focam bastante no preparo físico e na resistência. É algo sem palavras jogar com a camisa do Ceará”, relatou o velocista, que tem Vinícius Júnior como referência.
Guilherme Cruz, atacante de 14 anos, está na base do Flamengo desde 2022 e possui irmãos que jogadores de futebol profissional. Caio Cruz, de 22 anos, joga no futebol croata, e o lateral Taleco atua pelo Porto Vitória.
“Eu via meus irmãos jogando, e como assistia muito eles, acabei tomando gosto e comecei a jogar também”, lembrou.
“Sempre foi um sonho jogar no Flamengo. Torço pelo clube desde criança. Quando apareceu a oportunidade, foi só felicidade. Graças a Deus, estou lá até hoje e espero chegar ao profissional e construir uma boa história por lá. No Flamengo, tudo é muito organizado. A qualidade dos jogadores ao seu lado, o cuidado do clube com você, e a estrutura”, finalizou o atacante velocista.
Treinos continuam nas férias
No período de férias, os jovens jogadores retornam para o Espírito Santo para descansar, curtir a família e os amigos. Porém, é preciso manter uma rotina de treinos para que a forma física continue adequada. Davi, Guilherme, Felipe e Danilo realizam os treinamentos, três vezes por semana, na academia do preparador físico Mauro Guerra, na Serra.
O profissional de educação física contou sobre as distinções de se trabalhar com jogadores que ainda estão em desenvolvimento.
“A principal diferença do atleta em formação, no infantojuvenil, para o profissional, é que o profissional joga o ano inteiro em uma intensidade maior, com um número muito maior de jogos. O estresse fisiológico no profissional é muito maior do que no infantojuvenil. Por outro lado, o jovem está sempre num processo de cobrança interna do clube, porque, se ele não tiver rendimento, será descartado e outro jogador ocupará seu lugar”, disse.
“Acho que o maior desafio que esses meninos enfrentam é essa sobrecarga psicológica. Eles precisam render em todos os treinos, diferente de clubes menores onde existem peneiras ou processos seletivos”.
“Em clubes grandes, sempre há centenas de crianças querendo entrar, o que aumenta a competitividade interna. Isso exige que o atleta esteja no ápice o ano inteiro. Ao invés de chegar das férias descansado, ele precisa chegar treinado”, continuou.
Mauro explicou sobre os trabalhos realizados nos quase dois meses de pausa dos atletas. “A dose de treinamento tem que ser bem calculada para que ele não volte fadigado, já que vem de uma temporada de trabalho, mas também precisa estar em forma”..
“Nós preparamos um programa completo, focado na parte cardiovascular, potência muscular e força, com ênfase em potência muscular e velocidade, que são determinantes para o desempenho de um jogador de futebol”.
“Os trabalhos realizados em academia incluem exercícios tradicionais de força e prevenção de lesões. Além disso, fazemos trabalhos específicos para melhorar velocidade e potência, como corridas com trenó e coletes, pliometria (saltos) e treinos intervalados, realizados tanto no campo quanto na esteira”.
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