Entenda o que é a ruptura de LCA, lesão que assombra clubes e atletas no futebol
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O São Paulo anunciou nesta terça-feira que uma das suas principais promessas, o atacante Ryan Francisco, rompeu o ligamento cruzado anterior (LCA) e sofreu uma lesão no menisco do joelho esquerdo. A ruptura de LCA tem se tornado uma crescente preocupação no futebol brasileiro.
No Brasil, durante o ano de 2024, foram registrados 28 casos. O rompimento dessa estrutura é a principal causa de indicação cirúrgica entre atletas profissionais, podendo tirá-los de atividade por grandes períodos.
Entre alguns casos mais recentes, estão Jonathan Calleri, também do São Paulo; Pedro e Matias Viña, do Flamengo; Neymar, do Santos; Gabriel Jesus, do Arsenal; Eder Militão, no Real Madrid, e Rodri, no Manchester City.
Somente no Real Madrid, foram 10 lesões pelo mesmo motivo no período de um ano. O problema está longe de ser solucionado de forma clínica. Entretanto, esse tipo de lesão vive uma queda em um recorte temporal mais amplo.
“As lesões do LCA têm diminuído desde 2001, conforme o estudo ‘UEFA INJURY PREDICTION’, realizado pela entidade europeia. Podemos direcionar os motivos para fatores como um avanço na ciência e na performance, sobre principalmente a lesão de LCA, em que protocolos muito bem estruturados, com utilização da tecnologia, foram desenvolvidos desde então”, explica Adriano Tambosi, Head de Fisioterapia da Volt Sports Science, plataforma de saúde e serviços para atletas de futebol de elite.
Para Tambosi, a incidência das lesões sempre será um assunto discutido e muito questionado, principalmente pelo seu alto custo financeiro aos clubes e atletas.
“Com um incremento de intensidade de aproximadamente 30% nas duas últimas décadas, muitas vezes nossos atletas não se recuperam 100% entre um jogo e outro, assim sendo expostos em cenários de fadiga ou não prontidão específica para a próxima partida”, comenta.
O fisioterapeuta esportivo associado à Sonafe Brasil (Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e Atividade Física), Felipe Meira, explica sobre o tempo de recuperação. “O acompanhamento dos profissionais da saúde não termina no momento em que esses atletas retornam ao treino ou jogo. O monitoramento é constante e requer uma interação multidisciplinar para um adequado controle na carga de trabalho, manutenção da força muscular e na recuperação”, diz.
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“Os processos e etapas a serem cumpridas são as mesmas: restauração do arco de movimento da articulação, treino da marcha, restauração da força e treino cognitivo-motor. O tempo de retorno poderia ser alterado (para mais) caso houvesse uma recorrência da lesão, ou seja, a lesão fosse no mesmo ligamento que o anterior. Nesses casos, muitas das vezes precisamos de um cuidado maior para que retornem da maneira mais eficaz possível, mas esse não foi o caso do atleta em questão. Além disso, cabe ressaltar que como houve outra lesão associada (menisco, cartilagem, outro ligamento), o prognóstico também pode ser mais extenso”, detalha.
Segundo Flávia Magalhães, médica do esporte com mais de 20 anos de carreira e passagens por clubes e confederações como Atlético-MG, América-MG, CBF e Conmebol, a lesão do LCA, que desempenha um papel crucial na biomecânica do joelho, ocorre quando o joelho se move para dentro enquanto a tíbia gira para fora, com o pé fixo no chão.
“O ligamento cruzado anterior é fundamental para a estabilidade do joelho e é frequentemente exigido em esportes que envolvem pivôs, mudanças rápidas de direção, desaceleração e contato físico. A ruptura do LCA não necessita de um grande trauma, geralmente ocorre após uma entorse no joelho com o pé fixo ao solo. Quando isso acontece, a estabilidade do joelho é gravemente afetada, exigindo um longo período de recuperação”, aponta.
A operação para essas lesões é feita com a reconstrução do ligamento com a implementação de um enxerto vindo de tendões corporais. Após a reconstrução cirúrgica, o atleta inicia uma jornada de reabilitação que, em geral, dura aproximadamente entre nove meses em casos normais, mas pode ultrapassar essa faixa temporal em casos que envolvem intercorrências, lesões que reaparecem ou revisões cirúrgicas.
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