Como Max Verstappen planeja levar talentos do simulador às pistas reais
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Max Verstappen, tetracampeão mundial de Fórmula 1 e atual piloto da Red Bull, tem planos que vão além do paddock. Em entrevista recente ao The Athletic, o holandês revelou seu projeto de ajudar pilotos de simuladores a fazerem a transição para as pistas reais.

“Meu sonho é ter um piloto de simulador no mundo real e fazer dele uma história de sucesso, vê-lo progredir e se tornar um piloto melhor. Espero também, a longo prazo, torná-lo basicamente um piloto profissional. Que ele possa viver disso”, declarou Verstappen.
“Sei que leva tempo, mas quero encontrar o talento capaz de fazer a mudança para a vida real”, acrescentou. “Nem todo mundo tem isso dentro de si. Alguns são muito bons no que fazem e podem não ter sucesso na vida real, mas eu quero pelo menos dar a eles a oportunidade.”
A relação de Verstappen com o universo virtual vem de longa data. Em 2015, ele entrou para a Team Redline — equipe profissional de corrida de simuladores —, e se tornou acionista do grupo, além de participar ativamente de corridas online.
“Sou uma pessoa leal. Prezo muito a amizade. Eu poderia ter criado meu próprio time com meu próprio nome, mas tínhamos um grupo tão bom de pessoas na Team Redline que pensei: ‘Não quero que eles venham até mim depois. Quero que todos fiquem em uma estrutura’”, contou.
Em uma entrevista anterior ao The Athletic, Verstappen já havia explicado detalhes sobre o processo de adaptação de um piloto de simulador ao mundo real. Um dos pontos principais está relacionado à percepção de risco.
“No simulador, se você bater em um muro, não dói, então você não sente tanto medo enquanto dirige. Na vida real, quando você está sentado no carro, com o capacete, o macacão e os cintos de segurança afivelados, de repente você percebe: ‘Uau, estou em um carro de verdade, com um motor de verdade. Se eu bater, vai custar caro e posso me machucar’. Essa compreensão precisa acontecer.”
Ele também falou sobre a importância de treinamento físico e de hábitos mais rigorosos, considerando que os pilotos de simuladores costumam passar horas à frente das telas, o que pode influenciar na dieta e na rotina de exercícios. “Eles não pensam muito nesse aspecto nutricional, e acho que também podemos ajudar. Você precisa passar por esses estágios para fazê-los perceber o que precisam fazer para se tornarem atletas, basicamente.”
“E a partir daí, você precisa dar tempo a eles. Você precisa treiná-los na vida real, passo a passo, evoluindo até chegar lá. Você não pode apressá-los e dizer: ‘Em um ano, você precisa estar no auge’. Eles estão lutando contra pessoas que cresceram como eu no kart e acumularam muita experiência na vida real”, completou.
Um dos exemplos práticos desse processo é o jovem Thierry Vermeulen, de 22 anos, filho de seu empresário. Ele começou a competir no GT3 vindo do universo virtual, e tem sido instruído pelo piloto da Red Bull. “Toda vez que vou testar com ele, ele está a apenas dois décimos de mim, no máximo três décimos, o que eu acho incrível”, relatou Verstappen.
“O Max me ajuda principalmente com clareza mental e insights sobre as corridas. Essas dicas valem ouro neste nível”, contou Vermeulen sobre a parceria.
O objetivo de Verstappen a longo prazo é claro. “O ideal é que comecem na minha equipe, depois sejam contratados pelos fabricantes e, então, realmente construam suas carreiras. Acho que seria uma história muito bonita.”
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