Brasil vai na contramão do mundo do futebol e aumenta presença de gramados sintéticos
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O texto de manifestação contra gramados sintéticos no Brasil, publicado nesta terça-feira nas redes sociais de nomes como Neymar, Gabigol, Lucas Moura, Thiago Sillva e Philipe Coutinho, vai ao encontro de um movimento que tomou a Europa nos últimos anos. Ligas importantes do futebol europeu chegaram a ter campos artificiais, mas protestos de jogadores e novas regras estabelecidas por causa da pressão fizeram esse tipo de solo ser abandonado no Velho Continente, ao menos nas primeiras divisões.
No Brasil, o gramado sintético é utilizado em locais como o Allianz Parque, a Ligga Arena, o Pacaembu e o Engenhão. Em breve, o Atlético-MG se juntará ao grupo por meio de uma reforma no campo da Arena MRV.
O último campeonato da Europa a embarcar no movimento contra o sintético foi o Holandês, no qual houve pioneirismo no uso de grama artificial, em 2003, quando o Heracles Football Club passou a utilizá-la. Duas décadas depois, após protestos com participação de nomes como Ruud Gullit, a Eredivise determinou que todos os clubes da Série A devem ter gramado natural até o início da temporada 2025/2026.
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Além da preocupação dos atletas com lesões, um estudo científico motivou a decisão na Holanda. A pesquisa indicou que o enchimento de migalhas de borracha, utilizado nos campos, abrigavam elementos perigosos, como arsênio, benzeno, metais pesados, chumbo e mercúrio, entre outros cancerígenos, representando potenciais riscos à saúde.
Espanha, Inglaterra, Itália, Alemanha, França e Portugal, que compõe ao lado da Holanda o grupo das sete principais ligas europeias, não possuem gramado sintético em suas respectivas primeiras divisões.
A Uefa, contudo, não tem restrições contra o tipo de solo, tanto que permite o uso de sintético na Champions League, conforme descrito no artigo 31 de regras a competição, exceto na final. A Fifa, por sua vez, regulamenta e certifica o uso de gramados artificiais da mesma forma que faz com os naturais.
Apesar da permissão para uso internacional, a entidade máxima do futebol não quer sintéticos em suas principais competições. Embora a Copa do Mundo já tenha tido uma final em grama artificial, no Estádio Lujniki, na Rússia, o movimento hoje é diferente. Os Estados Unidos, sede da Copa de 2026 ao lado de México e Canadá, tem estádios com gramados sintéticos entre os escolhidos para o evento, mas a grama de todos nessa condição será trocada até o início da competição.
Na Copa do Mundo feminina, em 2027, que terá o Brasil como sede, foram indicados como concorrentes todos os estádios da Copa do Mundo masculina de 2014, exceto a Ligga Arena, do Athletico-PR, que tem gramado sintético. O Mangueirão, em Belém, foi colocado no lugar do estádio paranaense.
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