Ancelotti condenado: Neymar, Messi e CR7 também foram levados à Justiça por fraude fiscal na Espanha
Escute essa reportagem
O técnico Carlo Ancelotti, atual comandante da seleção brasileira, foi condenado nesta quarta-feira, na Espanha, a um ano de prisão por fraude fiscal. O italiano também recebeu uma multa de cerca de 386 mil euros (aproximadamente R$ 2,5 milhões) por não declarar corretamente parte de sua renda à Receita espanhola no ano de 2014, durante sua primeira passagem pelo Real Madrid.
O caso, no entanto, está longe de ser um episódio isolado. Nos últimos anos, astros como Lionel Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar, Luka Modric, Marcelo e Xabi Alonso também foram investigados — alguns, condenados — por crimes fiscais semelhantes enquanto atuavam no país. Todos escaparam da prisão sem maiores problemas.
De acordo com a sentença da 30ª Seção da Audiência Provincial de Madri, Ancelotti deixou de pagar pouco mais de 1 milhão de euros em impostos, valor que abrange os exercícios fiscais de 2014 e 2015. No entanto, o técnico foi absolvido da acusação relativa ao segundo ano.
A condenação inclui, além da multa e da pena de prisão, a perda temporária de benefícios fiscais e a inabilitação para receber subsídios públicos na Espanha por três anos. O treinador alegou em juízo que confiou nos consultores indicados pelo Real Madrid e não teve a intenção de fraudar o Fisco. A CBF ainda não se manifestou.
A punição a Ancelotti é mais uma de uma longa série de processos movidos pelas autoridades fiscais espanholas contra grandes nomes do futebol.
Messi e Cristiano Ronaldo recorreram, mas foram condenados
Em 2017, Lionel Messi foi condenado a 21 meses de prisão por sonegar impostos sobre receitas de direitos de imagem entre 2007 e 2009. A Justiça considerou que o jogador argentino e seu pai ocultaram cerca de 4,1 milhões de euros ao desviar recursos para paraísos fiscais. Como a pena era inferior a dois anos e ele não tinha antecedentes, Messi não cumpriu prisão, mas pagou uma multa de cerca de 2 milhões de euros. O caso foi noticiado por veículos como El País e Marca.
Cristiano Ronaldo, por sua vez, fechou um acordo com a Justiça em 2019 e admitiu ter sonegado 14,7 milhões de euros entre 2010 e 2014, também em contratos de direitos de imagem. O português aceitou uma pena de 23 meses de prisão e o pagamento de uma multa de 18,8 milhões de euros. Conforme publicou a BBC, a acusação afirmava que ele usou empresas registradas na Irlanda e nas Ilhas Virgens Britânicas para mascarar os ganhos.
Neymar e o caso DIS
Outro caso de repercussão internacional envolveu Neymar, investigado em razão de sua transferência do Santos para o Barcelona, em 2013. A promotoria espanhola chegou a pedir dois anos de prisão e multa de 10 milhões de euros ao jogador, mas retirou as acusações em 2022, nos últimos dias do julgamento.
O processo teve início após denúncia do grupo DIS, que detinha 40% dos direitos econômicos do atacante e alegava ter sido lesado em uma negociação subfaturada.
A venda foi anunciada por 17,1 milhões de euros, valor que teria sido pago oficialmente pelo clube catalão ao Santos. A DIS, por sua fatia, recebeu 6,84 milhões. Meses depois, o próprio Barcelona admitiu que a operação, na realidade, custou 57 milhões de euros, dos quais 40 milhões foram destinados à empresa N&N, sigla para Neymar e Nadine, pais do jogador.
A partir daí, teve início uma batalha judicial que revelou uma cifra ainda mais alta: segundo investigação conduzida pelas autoridades espanholas, o valor total da transação foi de 86,2 milhões de euros.
Além de Neymar, também foram acusados no processo seus pais, Neymar da Silva Santos e Nadine Gonçalves; os ex-presidentes do Barcelona Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu; o ex-presidente do Santos Odílio Rodrigues; além dos dois clubes. Todos negam as acusações. Apesar de a Promotoria espanhola ter retirado as denúncias, a parte privada, representada pela DIS, manteve o processo na Justiça.
Modric, Marcelo e Xabi Alonso
Luka Modric também enfrentou problemas com o Fisco espanhol. O croata, eleito o melhor jogador do mundo em 2018, aceitou uma pena de oito meses de prisão por omitir mais de 870 mil euros em declarações de 2013 e 2014. A sentença foi convertida em multa de 1,2 milhão de euros. A informação foi divulgada pelo El Mundo.
Marcelo, lateral multicampeão pelo Real Madrid, entrou em acordo com a Justiça espanhola em 2018 para encerrar um processo semelhante. O ex-jogador da seleção brasileira e do Fluminense havia sido acusado de não pagar impostos devidos sobre rendimentos de direitos de imagem em 2013. A pena de quatro meses de prisão foi convertida em multa de cerca de 750 mil euros, segundo veículos como AS e Marca.
Já o atual técnico do Real Madrid, Xabi Alonso, foi absolvido em 2019 após ser acusado de fraudar cerca de 2 milhões de euros entre 2010 e 2012, período em que atuava como jogador do clube. Naquele ano, a promotoria de Madri chegou a pedir cinco anos de prisão e uma multa de 4 milhões de euros ao ex-volante.
O tribunal, no entanto, entendeu que, embora os métodos usados na gestão de seus direitos de imagem fossem incomuns e chamativos, não houve ilegalidade. Alonso foi inocentado ao lado de seus ex-assessores Iván Zaldúa e Ignasi Maestre.
Comentários