Como se proteger no São João: 3 dicas para fogos e 4 para riscos com fogueiras
As maiores vítimas de queimaduras são crianças, seja com fogos que não acendem inicialmente, seja com brasas escondidas embaixo de cinzas
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As festas juninas chegaram e, junto com elas, acendem-se também os alertas para o risco de queimaduras. Somente entre os dias 10 e a madrugada de 23 de junho, 21 pessoas deram entrada no setor de queimados do Hospital da Restauração (HR), no Recife, vítimas de acidentes desse tipo.
Mais da metade eram crianças — 11 delas ficaram feridas, segundo informou o chefe do setor de queimados da unidade, o médico Marcos Barreto.
De acordo com o especialista, as queimaduras mais frequentes neste período são provocadas pelo uso incorreto dos fogos e pelo descuido com brasas das fogueiras, principalmente no dia seguinte à festa. Os acidentes mais comuns envolvem mãos, pés e rosto — e, muitas vezes, deixam sequelas permanentes.
Fogos de artifício: perigo para crianças e adultos
Entre os casos registrados no HR, há situações graves, como crianças que perderam parte da mão após pegar um artefato que não explodiu na primeira tentativa. É um acidente típico, que se repete todos os anos.
O médico reforça que fogos de artifício nunca devem ser entregues a crianças desacompanhadas. Mesmo os chamados “fogos de baixo risco”, como traques e estrelinhas, oferecem perigo.
Lesões no rosto e nos olhos também são comuns. “O erro mais frequente é acender o artefato de forma invertida. A pessoa acha que ele não funciona, olha de perto, e ele explode no rosto, causando queimaduras, lesões oculares e necessidade de cirurgia”, explica Marcos Barreto.
Outro problema frequente é a tentativa de reacender bombas que falharam. “O fogo não acendeu, a criança vai lá, pega o artefato, e ele explode na mão. Isso já aconteceu este ano e, infelizmente, acontece todo ano”, lamenta.
Fogueiras: risco vai além da noite de São João

Quando o assunto é fogueira, as queimaduras mais comuns acontecem no dia seguinte, quando a brasa parece apagada, mas ainda está quente. O cenário clássico é a criança de sandália que pisa na cinza e sofre queimadura de terceiro grau no pé. Também há casos de crianças que caem de mãos e braços nas brasas.
Outro risco é durante o acendimento. Usar álcool, gasolina ou jogar combustível diretamente na madeira pode provocar explosões graves.
“A fogueira não deve ter mais de um metro de altura. E quem for acender não pode estar alcoolizado”, alerta o médico. O ideal é usar uma estopa com combustível, acendendo no centro da fogueira, e nunca jogar o líquido diretamente no fogo.
Ao final da festa, a recomendação é simples, mas muitas vezes ignorada: apagar completamente os resíduos da fogueira com água. Isso pode evitar acidentes no dia seguinte.
O que fazer em caso de queimadura?

O primeiro socorro recomendado é simples, mas essencial:
Lavar a área afetada com água corrente por bastante tempo, até aliviar a dor.
Cobrir com um pano limpo e úmido.
Procurar atendimento médico, preferencialmente em uma UPA ou posto de saúde. Lesões mais graves, como avulsão (arrancamento) de parte do corpo, exigem compressão para estancar o sangramento e transporte imediato para um hospital de grande porte.
Resumo das discas para evitar acidentes:
- Fogos nunca devem ser manuseados por crianças sem supervisão.
- Leia sempre as instruções da embalagem para não acender na parte errada.
- Nunca tente reacender fogos que falharam.
- Acenda fogueiras com segurança: sem ficar jogando álcool, gasolina ou de combustível.
- Fogueiras não devem ultrapassar um metro de altura.
- Apague bem a fogueira ao final da festa para evitar acidentes no dia seguinte (veja se não figou resquícios embaixo das cinzas).
- Não deixe crianças perto da fogueira para evitar riscos de queda
Todas as dicas acima são do chefe do setor de queimados, Marcos Barreto
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