Assaltantes formam quadrilhas para atacar casas de praia no ES
Bandidos, até de fora do Estado, levam TVs, fogões, geladeiras e eletrônicos e vendem os itens no entorno de onde praticam o crime
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Por ficarem fechadas a maior parte do ano, casas de verão em balneários do Estado estão cada vez mais na mira de criminosos. Em Fundão, por exemplo, a Polícia Civil já identificou a atuação de uma quadrilha especializada que teria vindo de Minas Gerais para praticar roubos e furtos na região.
Segundo dados do painel da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), pelo menos 415 casas de verão foram furtadas ou roubadas neste ano, em todo o Espírito Santo. O bairro com maior número de casos é Guriri, em São Mateus, que registrou 71 casos de janeiro a outubro.
Em seguida, o bairro que mais registrou ocorrências do tipo foi Praia do Morro, em Guarapari, com 70 casos.
De acordo com o delegado Rodrigo Peçanha, titular da Delegacia de Fundão, uma quadrilha especializada teria vindo de Minas Gerais e estaria atuando nessas casas de verão. Praia Grande, em Fundão, é o quarto bairro do Estado com mais ocorrências, com 25.
“É um grupo que tem pelo menos cinco integrantes, conseguimos identificar dois deles que já têm mandado de prisão e seria um casal, sendo que a mulher é daqui do Estado e o homem é de Minas Gerais. Ele, inclusive, tem passagens por furto, roubo e estelionato”, explicou o delegado.
Ainda de acordo com o delegado, os outros três integrantes da quadrilha, provavelmente, são dois amigos e um irmão do mineiro. Já em relação ao modo de agir, o delegado afirma que a quadrilha está sempre atuando da mesma forma. Eles possivelmente observam a casa dias antes, e, em seguida, param carros de passeio na frente, desligam o quadro de energia, pulam muros, arrombam portas e levam eletrônicos de grande porte, fogões, geladeiras e televisores.
“Já com os produtos roubados, a quadrilha vende para pessoas do entorno das comunidades. Não chegamos a identificar vendas pela internet, por exemplo. Além disso, eles preferem agir, pela madrugada e em dupla”, destacou.
"Sentimento de impotência"

Uma das vítimas que teve a casa assaltada, em Fundão, é uma analista de marketing de 33 anos. Ela passou uma semana na região e, cerca de 12 horas após ter ido embora, a residência foi arrombada.
A Tribuna - Como o crime aconteceu?
Vítima - Na primeira vez, eu acordei com minha filha de 4 anos após passarmos uma semana inteira por lá e, naquela semana, fui ao portão e o trinco estava forçado, mas como a casa tinha um cadeado por dentro dificultou a entrada. Passamos o final de semana, fizemos compras, abastecemos a geladeira com carnes e bebidas. Aí, no domingo, fomos embora, mas, na segunda feira pela manhã, me ligaram bem cedo informando que a casa havia sido arrombada.
O que roubaram?
Levaram televisão, fritadeira, copos caros, botija de gás, cortina, alimentos e bebidas, duas bicicletas, roupas de banho e uma caixa de som recém-comprada que pesava em torno de 150kg. Eles depredaram o gramado, o portão que foi arrombado e a janela.
Chegaram a denunciar?
Sim, fizemos ocorrência, temos vídeos de câmera de segurança dos vizinhos no momento do assalto, mas ainda não tivemos retorno das autoridades. Ficamos com medo de roubarem de novo. O sentimento é de impotência, trabalhamos muito para ter conforto, temos crianças e não sentimos mais segurança em estar lá no bairro. O medo tem nos deixado sem esperança de dias melhores.
Bancário reforça segurança e vira vítima no dia seguinte
Um bancário, de 39 anos, mora em Vitória e tem uma casa de praia em Fundão. Em entrevista na última quinta-feira, ele contou que não tinha chegado a ser vítima de furto porque começou a se prevenir, fazendo um seguro de R$ 1.200, além de instalar câmeras e um alarme de segurança.
Para a surpresa do bancário, mesmo com reforço na segurança e a expectativa de que o investimento fosse espantar a quadrilha, na madrugada do dia seguinte, já na sexta-feira, a casa do bancário foi invadida, revirada e roubada pela quadrilha. O prejuízo, segundo ele, foi de R$ 8 mil.
“É revoltante porque nós trabalhamos tanto para conquistar algo bom em um balneário, para ser o local de diversão dos filhos e de tranquilidade da família como se fosse um refúgio. Mas, na verdade, está sendo uma dor de cabeça e um pesadelo. É desanimador, desta vez levaram meu aparelho de som e todos os eletrodomésticos que conquistamos com muito esforço”, lamentou o bancário.
SAIBA MAIS
Mais de 400 casas roubadas
Pelo menos 415 casas de verão foram furtadas ou roubadas neste ano, em todo o Estado.
Dos 415 casos, 393 foram de furtos e 22 foram de roubos, que é quando há emprego de violência.
Quadrilha
Cerca de cinco pessoas estão agindo juntas nos furtos e roubos em casas de praia da região de Fundão.
Somente nos bairros Praia Grande e Costa Azul, de Fundão, foram pelo menos 32 casas assaltadas pela mesma quadrilha, segundo dados no painel da Sesp.
Moradores e policiais acreditam que o número seja ainda maior, uma vez que muitas vítimas não moram nas casas e não registram ocorrências.
A quadrilha seria, segundo a Polícia Civil, formada por três homens de Minas Gerais e uma mulher capixaba.
Como agem
Em todos os casos, a quadrilha agia da mesma forma, sempre em horários noturnos e de madrugada.
Primeiro as casas são observadas dias antes do crime. Nesta fase, os criminosos avaliam o sistema de segurança dos alvos, como câmeras, cercas eletrônicas ou se há cães, por exemplo.
Em seguida, a quadrilha retorna ao local usando carro de passeio para carregar os objetos.
De imediato, câmeras são quebradas, a casa é revirada e aparelhos mais caros, como geladeiras, fogões e até televisores, são levados.
Fonte: Sesp
RANKING DE OCORRÊNCIAS
1º) Guriri: 71 casos
2º) Praia do Morro: 70 casos
3º) Barra de Itapemirim: 43 casos
4º) Praia Grande: 25 casos
5º) Balneário de Carapebus: 13 casos
6º) Lagoa Funda: 13 casos
7º) Balneário de Ponta da Fruta: 12 casos
8º) Praia de Carapebus: 12 casos
9º) Anchieta: 10 casos
10º) Ponta da Fruta: 12 casos
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